São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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Turismo do sexo estimula zoneamento na Tailândia

The Independent
De Londres

STEVEN VINES
EM PATTAYA, TAILÂNDIA

A maior e mais notória casa de espetáculos no litoral da Tailândia, a Alcazar, em Pattaya, lota praticamente todas as noites. Show girls vestindo fantasias elaboradas apresentam sequências de canções tailandesas, chinesas e inglesas. O ambiente lembra um pouco o Palladium, de Londres, nos anos 60, com uma diferença significativa —todas as garotas são rapazes.
O show se enquadra na categoria do irreverente, mas ainda simpático. Sob muitos aspectos o Alcazar representa o que os vereadores de Pattaya e os representantes de sua indústria turística tentam conseguir: preservar um toque picante mas ao mesmo tempo fazer da cidade destino turístico aceitável para todo tipo de visitante.
Desde a guerra do Vietnã, quando Pattaya se tornou um importante centro de recreação para soldados americanos, esta ex-aldeia de pescadores se transformou em sinônimo de sexo e drogas. O guia turístico oficial fala modestamente da magia e o encanto da vida noturna vibrante.
A vida noturna vibrante inclui grande número de bares ao ar livre (550, segundo a última contagem), onde se pratica a antiga arte do embebedamento total. Go-go bares, onde senhoritas seminuas desempenham façanhas espantosas com bolas de pingue-pongue, parecem estar por toda parte na zona sul da cidade, que também tem um bairro especial para homossexuais, conhecido como Boy's Town.
Pattaya é o tipo de lugar onde as pessoas parecem sentir-se na obrigação de usar chapéus engraçados e camisetas com slogans sugestivos. Entre as atrações mais novas figura a coleção Ripley's Believe it or Not (Acredite se Quiser), onde as deformidades humanas são objeto de riso e histórias extraordinárias de sobrevivência em condições de extrema hostilidade são fielmente registradas.
Pattaya nunca irá atrair os amantes das artes e da cultura, e nem está interessada nisso, mas os proprietários de seus hotéis se queixam da imagem que os forasteiros fazem da cidade.
Boa parte do que se diz sobre Pattaya é exagero, se queixa Alois Fassbind, vice-presidente executivo do elegante Royal Cliff Beach Resort. Ele diz que a imagem foi inventada por jornalistas enviados para cobrir os acontecimentos no Vietnã e no Camboja.
Segundo Fassbind, 95% dos turistas na cidade são casais. Apesar disso, o domínio da indústria do sexo é inegável, assim como o ambiente geral de libertinagem que permeia a cidade.
Os negócios vêm caindo em Pattaya, que hoje tem 30 mil leitos de hotel. Os empresários estão decididos a transformar a cidade.
A chave é o zoneamento. A indústria do sexo está sendo agrupada num bairro, deixando o restante da cidade, presumivelmente, limpo. O plano deve ajudar a tornar a cidade mais apresentável, embora Pattaya tenha seus fãs convictos que gostam do ambiente de faroeste e temem que a "limpeza" acabe com sua personalidade.
'Sex tours' existem no mundo inteiro, diz o gerente do Pattaya Beach Hotel, sugerindo que é apenas justo que sua cidade lucre com esse filão. Mas o fato é que ou os tempos mudaram e a profissão mais antiga do mundo já não é tão requisitada quanto antes, ou Pattaya terá que mudar ainda mais.

Tradução de Clara Allain

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