São Paulo, quarta-feira, de dezembro de
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Esqueleto da nova empresa é informação

GILSON SCHWARTZ
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

A empresa não passa de uma ficção econômica. A entidade legal pode ser relevante para os acionistas, para o fisco, para os credores e para os trabalhadores. Mas economicamente a chamada microeconomia, aliás fundamento da racionalidade na teoria, é ficção irrelevante no mundo real.
Na academia isso não é novidade, pois desde os anos 20 amplia-se o leque de enfoques sobre a firma, o empresário, a estrutura de mercado, o conglomerado e outras formas.
A novidade recente, fruto da consciência dilatada pelas redes informacionais, é a percepção de que a mais elementar das atividades administrativas, o conhecimento dos custos da empresa, ultrapassa as fronteiras legais, contábeis ou conceituais da firma.
Na semana passada representantes dos países ricos reuniram-se para discutir a sociedade da informação. Das supervias à regulamentação da indústria cultural global, passando pela definição de novas formas de criminalidade e de direitos à privacidade, desenha-se aos poucos uma nova agenda cujos aspectos econômicos são decisivos.
O conceito fundamental é o de rede. Peter F. Drucker, na Harvard Business Review de janeiro/fevereiro, insiste na visão da economia como um sistema de elos encadeados que exige dos administradores uma capacidade de compreensão totalizante. Parece filosofia requentada, holismo metafísico —e talvez seja mesmo.
Drucker critica a aplicação do método ABC de controle de custos (activity based costing), típico da manufatura, ao mundo dos serviços, a fronteira da expansão econômica contemporânea.
Na indústria podia-se talvez isolar operações individuais para avaliação de custos. Já nas empresas de serviços pressupõe-se apenas um custo: o do sistema total, onde não faz sentido diferenciar entre custos fixos e variáveis, entre capital e trabalho. A vantagem competitiva das empresas inovadoras está na capacidade de avaliar os custos da cadeia econômica ao invés de concentrar-se unicamente nos seus custos individuais.
Para operar nesse ambiente torna-se necessário desenvolver tecnologias de processamento de informação, tática e estratégica.
A informação estratégica focaliza os mercados, a tecnologia, as finanças e as modificações no ambiente global. Conseguir essa informação depende de contar com recursos humanos ao mesmo tempo especializados e com vocação generalista. Aliás, cada vez mais tornam-se necessários, nas posições de direção, profissionais com sensibilidade para essa percepção holística ou generalista.
O papel crítico desses gerentes informacionais será estabelecer as mais amplas e variadas ligações da empresa com o mundo exterior, com as fontes externas. A promessa de redes como a Internet é facilitar esse acesso que varrerá de trabalhos acadêmicos a jornais em várias línguas, passando por relatórios de associações empresariais ou instituições multilaterais.
Drucker compara a organização empresarial do século 19 a um organismo colocado numa concha. A nova organização brota e se desenvolve a partir de um esqueleto: informação, que integra e articula o sistema empresarial numa rede macroeconômica por definição.

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