São Paulo, domingo, 5 de março de 1995
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Bom dia, minoria atrasada

HELOISA HELVECIA

HORÁRIO DE VERÃO
Os matutinos -ou "pequenos dormidores", como são chamados em alguns estudos- são os mais prejudicados pela adoção de um horário de verão: como eles dormem no máximo seis horas por dia, a mudança no horário lhes rouba uma hora de sono, o que representa muito no seu tempo total de repouso.
O departamento de cronobiologia da Universidade de São Paulo (USP) é totalmente contra o horário de verão. Para os pesquisadores, os alardeados 2% de economia em energia são "ridículos" quando comparados aos transtornos na saúde e aos prejuízos gerais que a mudança provoca.
"O governo deveria fazer um estudo sobre as consequências do horário de verão, tendo em vista a queda da produtividade e os acidentes de trabalho e de trânsito na primeira semana de implantação da mudança", afirma o médico John Fontenele Araujo.

PARA TODOS
Durante experimentos em cavernas, onde um grupo é privado durante um mês de qualquer informação ambiental, o dia acaba tendo 25 horas (somando as horas de vigília e sono que compõem o ciclo espontâneo do homem). Sem referências, a pessoa acaba dormindo mais tarde. Numa experiência parecida, estudantes colocados em unidades de isolamento, sem referência de claro e escuro, apresentam cochilos espontâneos. Isso vem reforçar a tese de certos pesquisadores segundo a qual a "siesta" responderia a uma necessidade biológica, já que a maioria dos seres vivos tem sono polifásico ("picado").
O nível de atenção do homem cai depois do meio-dia. Essa queda, dizem especialistas, seria uma espécie de portão do sono. O homem só não dorme porque está condicionado a concentrar o sono em um só período. Por essas e outras, alguns médicos (como o brasileiro Claudio Stampi, que pesquisa o sono em Harvard) defendem a "siesta" para todos.

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