São Paulo, terça-feira, 7 de março de 1995
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Acusado por 26 assassinatos é preso em SP

ROGERIO WASSERMANN
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Civil divulgou ontem a prisão de Antonio Macedo de Matos, 31, acusado de ter cometido pelo menos 26 assassinatos na zona sul de São Paulo e em Embú (Grande SP).
Segundo a polícia, Matos confessou a morte de mais de 25 pessoas, além da participação em outros 15 assassinatos. O primeiro homicídio cometido por ele teria sido em 1990.
"Matava para garantir o sossego da região onde eu moro (Santo Amaro). Fazia o serviço que a polícia devia fazer. Só matava quem aprontava com as pessoas de lá", afirmou Matos.
Ele garante que nunca recebeu dinheiro para cometer os crimes. "Fazia tudo por minha conta. Nunca recebi um tostão de ninguém para matar", disse ele.
Matos era ajudante-geral em um frigorífico de Santo Amaro. "O único dinheiro que ganho vem do meu trabalho", afirmou.
Ele disse que "conversava" com suas vítimas antes de matá-las. "Uma vez um gringo que morava na região roubou um carro de um pedreiro, meu vizinho. Pedi para ele devolver. Como ele disse que não tinha jeito, eu o matei", afirmou, sem demonstrar emoção.
Além de Matos, foram presos o comerciante Genevaldo Cunha, 40, e Ivanildo Trajano, 27, acusados de serem cúmplices dele em um assassinato cometido no dia 10 de fevereiro.
Trajano confessou o assassinato. "Matamos um traficante de drogas e assaltante de carros. Não me arrependo", disse.
Cunha, acusado de fazer o transporte dos outros dois e de guardar as armas em sua casa, nega. "Tenho as armas para me proteger, porque a região é muito perigosa", disse.
Junto com eles, foram apreendidas cinco pistolas calibre 38 e duas calibre 380.
Os três estão com prisão temporária decretada desde a última quinta-feira. Segundo o delegado Édson Luís Baldan, 28, que preside o inquérito, já existem indícios suficientes para que seja pedida a prisão preventiva.
Eles devem ser julgados em 90 dias. Segundo Baldan, Matos pode pegar mais de 300 anos de prisão. Trajano e Cunha devem pegar um mínimo de seis anos. Os três já tinham passagem pela polícia, e respondiam em liberdade a processos por homicídio.

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