São Paulo, quinta-feira, 9 de março de 1995
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Atlas rompe com a história centrada apenas na Europa

Os dois primeiros fascículos serão distribuídos no domingo

DA REPORTAGEM LOCAL

O rompimento com o eurocentrismo —tendência de analisar a história a partir da visão dos europeus— é uma das principais preocupações do atlas histórico Folha/"The Times".
Essa abordagem antieurocêntrica é vista por especialistas da área como uma das características mais importantes da obra —que começa a chegar em fascículos aos leitores da Folha no próximo domingo, dia 12.
Na própria introdução, o editor, Geoffrey Parker, diz que até 1978 —quando foi feita a primeira edição do atlas histórico mundial— a grande maioria das obras do tipo "sofriam de eurocentrismo".
A Folha distribui a quarta edição da obra, de 1993.
"O atlas consegue analisar, por exemplo, culturas como a chinesa mostrando que elas têm uma originalidade própria", diz o professor titular de história da USP, José Jobson Arruda.
O eurocentrismo também é criticado por professores de história de segundo grau, que sentem falta de obras que tragam abordagens mais abrangentes das civilizações.
"Nós fomos colonizados pelos europeus e essa visão ficou", afirma o diretor e professor de história do Colégio Oswald de Andrade, em São Paulo, Paulo Pan Chacon.
Segundo ele, o Oswald —que desde seu surgimento buscou abordagens pedagógicas novas— sempre tentou dar uma visão mais geral da história.
"Estamos tão interessados nos 'tigres asiáticos' como com os europeus", afirma.
"O mundo está muito multifacetado e um atlas com esse enfoque vem bem a calhar", acrescenta Chacon.
"Em geral, o Brasil só tem permissão para existir a partir de sua descoberta pelos europeus, em 1500", diz Mirian Finocchiaro Penteado Rocha, coordenadora da área de Estudos Sociais do Colégio Magno, de São Paulo. "Os recursos que rompem com isso são muito úteis."

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