São Paulo, quinta-feira, 9 de março de 1995
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IML faz nova perícia em assaltante

ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO

O corpo de Cristiano de Melo, 20, morto pelo cabo PM Flávio Carneiro, foi exumado (desenterrado) ontem para ser submetido a uma "perícia médica complementar", segundo o delegado Nilo Augusto Batista, responsável pelo inquérito.
Batista disse que a exumação foi necessária porque existem "muitas dúvidas" provenientes do confronto dos laudos. "Me parece que não extraíram todas as balas no exame do IML (Instituto Médico Legal)", afirmou Batista.
Os laudos que apresentam divergências são o do perito criminal, feito no local do crime, e o do médico-legista, realizado posteriormente no IML.
A Folha apurou que são pelo menos três as dúvidas da polícia: o número de tiros, a posição de Melo no momento dos disparos e as armas das quais partiram os tiros.
Os resultados dos laudos podem comprometer a tese de que o cabo da PM agiu em legítima defesa. Ele sustenta que reagiu quando Melo supostamente teria lhe apontado uma segunda arma, além daquela que foi apreendida pelos policiais antes da morte.
Batista reafirmou ontem que sua impressão, até agora, é a de que houve assassinato.
Ele disse que pretende ouvir nos próximos dias os 11 PMs envolvidos na operação, realizada sábado.
Segundo ele, apesar de ter sido convocado para depor ontem, na delegacia, Carneiro reafirmou a disposição de só depor em juízo.
O legista Nilo Jorge, responsável pela exumação, afirmou que o corpo de Melo seria submetido a uma nova necrópsia (exame médico do cadáver) na tarde de ontem. Segundo ele, "os resultados estariam prontos em poucas horas".
O diretor do IML, Alexandre Maluf, afirmou que não há prazo para a divulgação dos resultados desse segundo exame. Nem sequer os resultados do primeiro laudo foram divulgados pelo IML.
O ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli) ainda não divulgou o resultado do exame de balística —que indicará as armas das quais partiram os disparos.
O diretor do ICCE, Carlos de Mattos, afirmou que qualquer esclarecimento deve ser encaminhado à secretaria da Segurança Pública do Estado.
Procurados pela Folha ontem, nem o assessor de imprensa da secretaria, nem o secretário Euclimar da Silva foram localizados.

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