São Paulo, quinta-feira, 9 de março de 1995
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Irregularidades marcam investigação

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Uma sucessão de irregularidades marca a ação policial e as investigações no caso da morte de Cristiano de Melo pelo cabo PM Flávio Carneiro.
A mais grave, revelada ontem, foi a não-extração de todas as balas do cadáver de Melo na necrópsia feita no Instituto Médico Legal. O corpo teve que ser exumado.
Houve divergência entre os laudos do perito criminal e do médico-legista, que estão sob sigilo.
A ficha de Carneiro indica sua participação em operações que provocaram a morte de cinco pessoas. Ele responde a um processo por homicídio.
O cabo continuava no policiamento porque não estaria envolvido diretamente nas mortes.
Alguns pontos continuam sem explicação:
1) por que os PMs, em vez de algemar Melo, já ferido, levaram-no para trás da Kombi?
2) por que a reação dos PMs à atuação da equipe de TV?
3) as imagens mostram que Carneiro usava duas armas. Por que a PM não apresenta claramente as duas, inclusive a que ele usou para atirar em Melo?
4) por que a PM entregou um carregador de pistola 9mm com as armas apreendidas com policiais, mas a pistola foi apresentada como sendo de Melo?
5) por que o cabo Carneiro deu duas versões sobre o caso —primeiro disse que o assaltante atirou e, depois, disse que Melo apenas sacou uma arma?
Reservadamente, os responsáveis pelas investigações na Polícia Civil têm se queixado de que a PM está dificultando as investigações.
Só na segunda-feira a PM começou a entregar ao delegado responsável pelo caso, Nilo Augusto Batista, as armas usadas no caso. Apenas ontem o delegado recebeu os nomes dos 12 policiais envolvidos.
Os revólveres entregues estavam com toda munição. As que foram entregues anteontem, ao contrário, não tinham munição.
Anteontem, Batista reuniu-se com o governador Marcello Alencar (PSDB) e com o chefe da Casa Militar, Sérgio Ferraz.
Batista não criticou abertamente a PM. Disse que recebeu apoio total de Alencar e reafirmou sua convicção de que o PM teria assassinado Melo.
O assessor da Secretaria da Segurança, coronel Lenine Freitas, disse que as irregularidades serão apuradas e que a PM está colaborando no caso.

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