São Paulo, quinta-feira, 9 de março de 1995
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Aborto e violência marcam Dia da Mulher

e da Agência Folha
Cerca de mil pessoas, segundo o CPTran (Comando de Policiamento de Trânsito), participaram ontem de um ato de protesto para marcar o Dia Internacional da Mulher no centro de São Paulo.
A manifestação reuniu mulheres de São Paulo, Diadema e Santo André, que pediam o fim da descriminação e violência contra a mulher e legalização do aborto.
Os manifestantes se reuniram na praça Ramos de Azevedo e saíram em passeata por volta das 18h.
Antes da passeata, um grupo teatral fez uma apresentação mostrando problemas cotidianos da mulher. O tema deste ano foi a "Luta Pela Qualidade de Vida".
"Acho que o principal problema da mulher hoje é a questão da saúde pública", disse Maria Aparecida de Lima, do grupo de mulheres da zona leste, que ontem participou do ato com uma rosa lilás no cabelo e o símbolo feminino pintado no rosto.
E acrescentou: "A mulher não é respeitada nem quando é atendida em um hospital".
O Dia da Mulher foi comemorado ontem em vários pontos da cidade. No shopping Iguatemi, dois quintetos de violinistas tocaram nas praças de alimentação. As mulheres que passaram recebiam vasos de violeta (a cor internacional do feminismo).
No hospital Pérola Byington também houve um show de música clássica, com distribuição de bolo, chá e do livro "Conhecendo a Saúde da Mulher", do médico José Aristodemo Pinotti.

Salvador
Um levantamento da Delegacia de Proteção à Mulher de Salvador (BA) revela que, nos dois primeiros meses deste ano, foram registradas na delegacia quase 2.000 ocorrências —15% a mais que em janeiro e fevereiro de 94.
Em janeiro passado, foram registradas 1.017 ocorrências e queixas contra a mulher. A delegada Célia Maria Miranda disse que no mesmo período foram registrados 12 estupros e 443 espancamentos.
Miranda diz que, em média, 40 mulheres procuram a cada dia a Delegacia de Proteção à Mulher para denunciar espancamentos.

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