São Paulo, quinta-feira, 9 de março de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Data internacional é celebrada desde 1910

NEWTON CARLOS
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

O Dia Internacional da Mulher é comemorado desde 1910. Há 85 anos a iniciativa foi da Internacional Socialista, o que colocava reivindicações femininas em grande parte num contexto de luta de classes. As agrupações históricas de esquerda, de origem marxista, custaram a aceitar o feminismo como algo específico, desgarrado da guerra entre proletariado e burguesia.
Sempre na vanguarda das grandes mutações internas, depois da Segunda Guerra, o ex-Partido Comunista Italiano, hoje Partido da Esquerda Democrática, foi o primeiro dos PCs a aceitar a inclusão das reivindicações feministas em sua plataforma.
O eurocomunismo começava a abater o "machismo político" com forte presença nas esquerdas. Hoje, no Ocidente, a campeã do antifeminismo é a direita religiosa dos Estados Unidos, que trata como "antinatural" os anseios de igualdade das mulheres.
A cada ano que passa, levantamentos, estudos e reflexões produzem novidades importantes. Já foram realizadas três conferências internacionais da mulher, com patrocínio da ONU (Organização das Nações Unidas).
A quarta conferência acontecerá em setembro, em Pequim, capital da China, país onde só agora o feminismo encontra algum espaço. As mulheres chinesas lutam no momento para pelo menos suavizar a discriminação contra elas na mídia. São pouquíssimas as que conseguiram trabalhar em jornais, rádios e televisões, como jornalistas, técnicos etc.
Há pouco o "Population Reference Bureau", de Washington, divulgou um estudo intitulado "O mundo das mulheres". Nova abordagem da questão feminina.
A condição da mulher varia ao redor do mundo e as denúncias de desigualdades não devem limitar-se a mostrar inferioridade da mulher diante do homem. "Existem desigualdades também entre mulheres", alerta o Bureau, pedindo que o feminismo ultrapasse a velha dicotomia homem e mulher.
No Terceiro Mundo, por exemplo, dois terços dos analfabetos de mais de 15 anos são mulheres, mas mulheres pobres. As mulheres são um terço da força de trabalho mundial fora da agricultura. Esta é a média. Mas nos países ricos são 44% e nos pobres 29%. As mulheres também têm o seu norte-sul.

Texto Anterior: Aborto e violência marcam Dia da Mulher
Próximo Texto: Ibama ignora decreto presidencial sobre mata; Dois morrem em SP depois de hemodiálise; Estado quer iniciativa privada em pedágios; Leoa arranca braço de hóspede em hotel no RJ
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.