São Paulo, quinta-feira, 9 de março de 1995
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Acordo divide o PT e abre crise na bancada

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

A decisão de votar a favor da Operação Urbana Faria Lima dividiu a bancada do PT na Câmara e começa a gerar uma crise interna.
Alguns vereadores avaliavam ontem que foi muito grande o desgaste que o partido sofreu ao apoiar um projeto que poderá ser usado pelo prefeito Paulo Maluf na sua já anunciada campanha presidencial.
Os descontentes do partido se concentram entre os vereadores que não participaram das negociações entre a Associação Vila Olímpia Viva e a prefeitura.
Nas conversas, era ressaltado o fato de que raramente a Câmara aprova um projeto do governo com o voto favorável de seus 55 vereadores. Para piorar, era um projeto polêmico, que foi duramente criticado pelos quadros do partido desde que foi anunciado.
Alguns petistas ainda contestavam o fato de a liderança do PT ter fechado questão sobre o assunto. "Votamos por uma questão de disciplina. Não foi dada muita opção", disse um deles, que pediu para não ter seu nome publicado.
O líder da bancada, Odilon Guedes, confirma que os vereadores foram orientados a votar em bloco. "O PT é um partido disciplinado e a bancada decidiu que o acordo era positivo para os moradores da Vila Olímpia."
Os descontentes do PT ainda criticaram o fato de a negociação entre a prefeitura e os moradores ter sido monopolizada pelo vereador Maurício Faria.
Alguns deles chegaram a usar a palavra "alijado" para retratar sua insatisfação. Um dos petistas chamou o acordo de "algo decidido a portas fechadas".
A repercussão negativa ao voto pró-Maluf dentro e fora do partido acirrou o ânimo da bancada contra novos acordos com o prefeito.
Ontem, a decisão era de obstruir até o limite do possível a aprovação do projeto do vereador Marcos Cintra (PL) que extende o Cepac para todas as regiões da cidade.
Apesar das críticas ao voto pró-Maluf, ontem os petistas se esforçavam em repetir os mesmos argumentos de anteontem para justificar a posição assumida.
"Negociamos muito e conseguimos um acordo em que os dois lados cederam", disse Faria.
Para o vereador Sérgio Rosa, a Associação Vila Olímpia Viva "buscou o caminho da negociação" e não havia sentido fazer oposição parlamentar. "Somos a favor da organização da sociedade. Votamos com o movimento."

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