São Paulo, quinta-feira, 9 de março de 1995
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BC vende US$ 750 mi em dois dias

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA; FIDEO MIYA
DA REPORTAGEM LOCAL

BC vende US$ 750 mi em dois dias
Banco Central acalma mercados de câmbio e juros, mas não evita que Bolsas desabem
JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
FIDEO MIYA
Com cinco novas intervenções no mercado de câmbio, o Banco Central (BC) conseguiu ontem baixar o grau de nervosismo e impor perdas aos especuladores. Mas as Bolsas desabaram.
A Bolsa paulista fechou em baixa de 9,64% (a segunda maior do ano), enquanto a carioca caiu 10,4% (a maior desde a queda do ex-ministro Rubens Ricupero). Boatos sobre o agravamento da crise argentina foi a principal justificativa para a queda, segundo os analistas. As Bolsas são consideradas o ponto de contato mais sensível entre o Brasil e o mundo.
Refletindo mais os fatores internos do que externos, o mercado de câmbio e de juros estiveram menos nervosos.
O BC vendeu dólares a R$ 0,888 no mercado comercial (exportações e importações) —dando prejuízo a quem tinha comprado, no dia anterior, a R$ 0,90.
Alem disso, por três vezes, o BC vendeu no mercado flutuante (dólar-turismo). O preço do primeiro leilão foi de R$ 0,90 e, nos demais, a R$ 0,895.
Na soma desta operações, o BC gastou, avalia o mercado, US$ 450 milhões das reservas do país.
No dia anterior, segundo informou o próprio BC, as vendas de dólares foram de US$ 300 milhões. Ou seja, a baixa do grau de nervosismo teria custado US$ 750 milhões ao todo. A título de comparação, o Fed (banco central dos EUA) gastou na segunda US$ 500 milhões para "defender" o dólar.
Ao contrário dos dias anteriores, o mercado começou a chegar a um consenso sobre o quê, afinal, deseja o governo com a mudança na área de câmbio.
A fase atual é de transição para uma "banda" que vai de R$ 0,86 a R$ 0,98 a partir de maio.
O que o governo deseja é que esta transição dos preços seja gradual. Logo, entre abril e maio, o governo poderia rever o teto da "banda" para impedir que o preço desse um salto de R$ 0,90, no último dia de abril, para R$ 0,93, no primeiro de maio.
O mercado também chegou a conclusão que a nova fórmula para a trajetória do dólar será a seguinte: o juro interno será igual ao juro externo mais o preço do dólar mais um prêmio pelo chamado "risco Brasil".
Na prática, a fórmula significa que vai interessar ao exportador vender antecipadamente o seu dólar —o juro pago compensará a troca. De toda forma, o dia de ontem foi comprometido com a montagem de operações para diminuir o "risco cambial" tanto de exportadores (que devem em dólar) quanto de importadores.
O que os analistas e operadores discutem agora é o tamanho do "prêmio" que será pago. Ou seja, se a taxa de juros vai permanecer no patamar atual ou vai subir ainda mais. Ontem, o BC vendeu títulos pelo prazo de uma semana pagando o mesmo juro que se pratica no over (taxa -over de 4,15%).
A necessidade de proteção e as apostas sobre a nova trajetória dos juros provocaram um novo recorde no volume de negócios na BM&F, que girou R$ 18,27 bilhões. Foi recorde também o volume no mercado futuro de juros: R$ 12,6 bilhões.

LEIA MAIS
sobre câmbio nas págs. 2-5 e 2-6
BC vai retirar R$ 1,8 bi em maio
09/03/95
Autor: JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA; FIDEO MIYA selma . 6233FDMY
FDMY

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Origem do texto: \<FD:"COPYRIGHT-FOLHA"\>Da Reportagem Local
\</FD:"COPYRIGHT-FOLHA"\>Editoria: DINHEIROPágina: 2-1
Edição: NacionalTamanho: G 206 palavrasMAR 9, 1995
Observações: SUB-RETRANCA
Selo: REAL 2
Assuntos Principais: POLÍTICA CAMBIAL
BC vai retirar R$ 1,8 bi em maio
O Banco Central vai retirar de circulação da economia cerca de R$ 1,8 bilhão nos próximos dias 4 e 5 de maio, quando serão feitas as liquidações dos leilões a termo de dólares realizadas ontem e anteontem, pela cotação de R$ 0,93.
No leilão de anteontem, o BC vendeu US$ 1,5 bilhão e outros US$ 470 milhões ontem, segundo estimativa de Noemi Tomitsuka, do Banco de Boston.
Ao vender dólares no mercado em troca de reais, na prática o BC usou o câmbio para fazer política monetária, captando recursos a custos menores do que os juros de 46% ao ano que está pagando nos papéis de sua emissão (BBC), segundo Sidnei Nehme, diretor da NGO Corretora de Câmbio.
Os custos são os juros que o BC recebe com a aplicação de suas reservas no exterior, em torno de 3,5% ao ano, mais a desvalorização cambial no período, de aproximadamente 36% ao ano.
Esse, porém, não foi o objetivo principal dos leilões, ressalvou o diretor financeiro do Banco BCN, Norberto Barbedo. "O BC vendeu dólar a termo para atender 'a demanda cambial e para mostrar claramente que considera R$ 0,93 uma boa taxa no início de maio".
(FM e JCO)

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