São Paulo, quinta-feira, 9 de março de 1995
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Malan admite que a inflação vai subir

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Pedro Malan (Fazenda) disse ontem que a equipe econômica já trabalha com a perspectiva de alta na inflação de março.
Ele disse que a inflação poderá ficar acima de 1,2%, percentual calculado em fevereiro pela Fipe.
"Nunca prometemos inflação zero. Ela não existe em país nenhum do mundo. Eu não ficarei sobressaltado se a Fipe anunciar em março que a inflação ficou acima de 1,25%, superior à de fevereiro", disse o ministro.
Convidado para abrir os trabalhos da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, Malan afirmou aos deputados que o governo nunca prometeu índices declinantes ou permanentes de inflação.
Os técnicos da Fipe já trabalham com uma taxa de inflação próxima a 2,2% em março, após as novas medidas cambiais. Anteontem, Malan afirmou que as alterações no câmbio não seriam suficientes para provocar uma alta geral de preços e inflação.
A alta da inflação se deve a sazonalidade, segundo o ministro, que atribuiu o aumento do índice ao reajuste das mensalidades escolares em março e aos prejuízos causados pela seca na safra.
As medidas anunciadas na segunda-feira passada —mudança na política de câmbio, ajuste fiscal nas estatais e aceleração das privatizações— e o pacote anticonsumo foram para evitar justamente o aumento de preços, disse Malan.
No final da reunião, ao ser questionado pela imprensa sobre novas medidas, o ministro disse que "os ajustes serão feitos sempre que necessários".

Dieese
O custo de vida dos paulistanos que ganham até 30 salários mínimos subiu menos em fevereiro do que no mês anterior.
Segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), o índice recuou 0,31 ponto percentual —dos 3,27% registrados em janeiro para 2,96%.
A situação foi inversa para quem tem rendimento inferior. Os preços aumentaram de 2,02% para 2,77%, no mesmo período, para as famílias com renda na faixa entre um e cinco mínimos.
O custo de vida ficou 2,65% mais caro para os que recebem até três salários mínimos. Em janeiro, a taxa foi de 1,74%.
A habitação continua sendo o item que mais pressiona a taxa, com 7,44% de alta. As prestações da casa própria subiram 12,29% e os aluguéis, 13,23%.

Colaborou a Reportagem Local

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