São Paulo, quinta-feira, 9 de março de 1995 |
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Duas peças são encenadas no 'Brasil Itália 95'
ANA PAULA ALFANO
Direção: Luiz Henrique Palese Onde: Centro Cultural São Paulo - Sala Jardel Filho (r. Vergueiro, 1.000, tel. 277-3611) Quando: de quinta a sábado, às 21h30, e domingo, às 20h30 Quanto: R$ 6,00 Peça: América Direção: Marisa Naspolini e Lau Santos Onde: Centro Cultural São Paulo - Sala Paulo Emílio Quando: de quinta a sábado, às 21h30, e domingo, às 20h30 Quanto: R$ 6,00 Duas peças teatrais faladas em italiano, "Decameron" e "América", estréiam hoje nos palcos do Centro Cultural São Paulo, dentro do evento "Brasil Itália 95". O espetáculo catarinense "América", que faz sua estréia em São Paulo, é resultado de uma pesquisa da diretora Marisa Naspolini sobre emigração/imigração. Ela morou na Itália durante quase um ano, "procurando provocar a memória de um passado que nem conhecia". A peça gira em torno de um camponês italiano que decide vir ao Brasil, acreditando na propaganda dos agentes de emigração. "A história é bastante simples. A alma da montagem é a ilusão, é o acreditar num mundo que não existia", diz Naspolini. A peça é encenada pelo grupo Sós e Nus Núcleo Cênico, de Florianópolis, reunido há quatro anos. Durante este tempo, quatro espetáculos foram montados, cada um dirigido por um membro da companhia, o que conferiu diversidade às peças. "O grupo montou 'América' em cooperativa. Os próprios atores criaram personagens. O cenário e a sonoplastia é toda feita às vistas do público", explica a diretora. "Decameron", que entra na sala Jardel Filho, já esteve em cartaz na cidade no ano passado, ficando um mês no Ruth Escobar e outro no Paulo Eiró. Montagem do grupo gaúcho Cia. Teatro di Stravaganza, a peça mostra sete dos cem contos que compõem o "Decameron" do itlaiano Giovanni Bocaccio. Segundo o diretor Luiz Henrique Palese, a idéia inicial era fazer teatro popular medieval. "Bocaccio caiu como uma luva", explica. Palese conheceu os contos do escritor ainda adolescente, quando assistiu o filme homônimo do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini. Mas garante que o seu espetáculo tem muito pouco a ver com a versão cinematográfica. Boccaccio escreveu "Decameron" em meados do século 14, quando a Europa enfrentava um grave problema: a peste. Na versão do Stravaganza, uma suposta companhia teatral enfrenta este problema ao chegar a Florença. As sete histórias selecionadas são recheadas de amor e sexo e, apesar do tema —a peste— parecer trágico, a peça é uma comédia. "Ela celebra o prazer e a capacidade de manter o bom humor em tempos tão difíceis", diz Palese. As duas peças são apresentadas em italiano. Os grupos optaram por usar o idioma por causa da sonoridade dos dialetos. Mas, segundo os diretores, isto não compromete o entendimento dos enredos. Para Palese, "Decameron" é centrado na ação e, por isso, as palavras são apenas instrumentos aos personagens. Em "América" a ação também prevalece. "Além disso, a linguagem é universal se você usa outros códigos", diz Naspolini. Texto Anterior: Sílvio de Abreu perde o medo do teatro Índice |
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