São Paulo, quarta-feira, 15 de março de 1995
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Vereadores negam cidadania a FHC

Câmara de Ibiúna vota contra título

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Ter transformado a pequena cidade de Ibiúna (70 Km de São Paulo) em coqueluche nacional não bastou para o presidente Fernando Henrique Cardoso ganhar o título de "cidadão ibiunense".
Em sessão da Câmara Municipal realizada na noite de anteontem, 9 dos 17 vereadores da cidade negaram apoio à concessão do título a FHC: 7 votaram contra e 2 em branco.
O voto favorável dos 8 vereadores restantes não foi suficiente para aprovação do projeto. A legislação exige a concordância de dois terços da Câmara.
Ibiúna se tornou conhecida em 1968 em razão do congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes), que terminou com a prisão dos participantes.
Na era tucana, Ibiúna entrou na geografia do poder. FHC possui desde 1975 um sítio na cidade, onde costuma descansar com amigos e a família.
Outros integrantes do governo federal têm chácaras próximas, entre eles o ministro do Planejamento, José Serra, o secretário da Administração Federal, Luiz Carlos Bresser Pereira, e o chefe de gabinete do Ministério da Justiça, José Gregori.
Intelectuais como o historiador Bóris Fausto e o sociólogo Juarez Brandão Lopes também são assíduos frequentadores da cidade.
Ibiúna foi o local que FHC escolheu para se refugiar um dia antes de o Tribunal Superior Eleitoral proclamar o resultado final da eleição, em 8 de novembro.
Depois de eleito, FHC deu caráter histórico à cidade durante seminário internacional realizado em Brasília. Ele falou do "grito de Ibiúna", ao lançar o "acordo de Brasília". FHC se referia a um encontro de economistas ocorrido em seu sítio em 1977.
A longa relação com a cidade rendeu frutos a FHC na eleição presidencial. Ele recebeu 80% dos votos válidos dos ibiunenses.
A recusa do título de cidadão honorário foi aparentemente motivada por disputas locais. Um dos autores do projeto é Elizeu Dias de Oliveira (PSDB), ferrenho opositor do prefeito José Vicente Falci, do PMDB.
Oliveira atribui a derrota do projeto ao PMDB, que tem maioria na Câmara. O líder do partido, José Vicente Falci Filho, diz que a votação foi secreta e que é impossível saber quem votou contra.

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