São Paulo, quarta-feira, 15 de março de 1995
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PMDB espera traição na disputa com PSDB

GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Sob guerra de nervos, 94 deputados assumem hoje seus cargos na Assembléia Legislativa de São Paulo. O clima de boataria aumentou ontem à tarde devido à disputa pela presidência da Casa. São candidatos os deputados Ricardo Tripoli (PSDB) e Paschoal Thomeu (PMDB).
As maiores chances são de Tripoli. Tanto que havia rumores de que o PMDB apelaria à Justiça, por interpretar que o artigo 12 da Constituição estadual lhe garante a presidência da Casa, por ser o partido com a maior bancada —23 deputados.
Até as 20h, o PMDB não confirmou que iria usar esse recurso. O PT já tentou ação semelhante há quatro anos e perdeu.
Os deputados tomam posse às 15h. É esperada a presença do governador Mário Covas (PSDB). Logo após a cerimônia, às 17h, haverá a votação secreta que definirá a Mesa da Assembléia.
É a primeira vez, em oito anos, que a disputa agita tanto a Casa, antes acostumada ao "rolo compressor" peemedebista.
A conquista da presidência da Assembléia é vital para Covas. É ela que determina a pauta das votações, além de administrar a Casa. Uma vitória do PMDB representaria muitas dificuldades para o andamento legislativo dos projetos de Covas.
Embora o tucano Tripoli considere remota uma derrota na disputa da presidência da Assembléia, o PMDB trabalha com o que vem sendo chamado de "IT"(índice de traição), que permita uma virada.
Até ontem, Tripoli contava com os votos de 58 deputados, em acordo firmado com PT, PC do B, PFL, parte do PL e PPR. Toda a bancada do PPR, por exemplo, esteve reunida com Tripoli ontem por volta das 16h. "Assinamos um documento e vamos manter a palavra", disse Erasmo Dias (PPR).
Tripoli afirmou ainda que já tinha obtido também o apoio de seis peemedebistas —mas não quis fornecer nomes, "por estratégia".
Ele apenas apresentou o peemedebista Mauro Bragato como o líder da dissidência que se auto-intitula "grupo ulyssista". O PMDB quercista e fleuryzista espalhou ontem a informação de que já estaria estudando a expulsão de Bragato do partido.
Na guerra de números, informação e contra-informação, o PMDB informou que tem 52 votos, com o "Grupo dos 6"' (os deputados do PDT, PRP, PSD e PV), o PTB e até mesmo tucanos.
São necessários 48 votos (do total de 94) para eleger o presidente.
O deputado Paschoal Thomeu não quis falar à Folha ontem.

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