São Paulo, quarta-feira, 15 de março de 1995
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O Pinheiros e os irresponsáveis

LAIR KRAHENBUHL

O Esporte Clube Pinheiros, quase centenário de São Paulo, tem 40 mil associados e chega a ser frequentado por mais de 10 mil pessoas nos finais de semana. É uma importante área verde da cidade e uma glória dos esportes, com expressiva participação de seus atletas na delegação brasileira aos Jogos Pan-Americanos.
Todas essas afirmações apenas tornam ainda mais estarrecedoras as precárias condições de segurança e higiene constatadas no clube, durante fiscalização rotineira realizada dia 8 de março.
O que a fiscalização constatou não foi apenas o descumprimento de normas de segurança das edificações e instalações e das normas de higiene. Foi uma ameaça concreta à integridade física e à vida das pessoas que frequentam o local, o que constitui crime. A delegada Daniela Mott, da Delegacia de Saúde Pública do Decon, prendeu em flagrante o gerente de bares e restaurantes do clube, Pascoalino Ruffato.
Nas cozinhas, a fiscalização encontrou 51 kg de alimentos impróprios para o consumo. Baratas andavam sobre sacos de feijão e farinha abertos. Constatou-se ainda: funcionários sem uniforme, produtos sem comprovação de procedência, alimentos sem refrigeração, esgoto próximo de alimentos como carnes e verduras.
Mais dramáticos ainda são os perigos a que estavam expostos seus milhares de frequentadores pela completa ausência de proteção atmosférica —pára-raios— numa área de 170 mil m2. A massa de grades e alambrados, existente em torno das piscinas e quadras esportivas, pode causar consequências graves no caso de descarga elétrica.
Caixas de força de alta tensão estavam abertas, sem tampa, destravadas, colocando o público em risco de vida.
Além disso, desde setembro de 1974, o Clube Pinheiros, com exceção do seu salão de festas, encontra-se irregular perante a Prefeitura de São Paulo, no que diz respeito ao enquadramento de suas dependências às normas de segurança.
Ao contrário do que afirma o diretor-cultural do Clube Pinheiros, Carlos Augusto de Barros e Silva, em artigo nesta seção (13/3), os problemas constatados não são questões internas da entidade. A Prefeitura de São Paulo tem a obrigação de intervir e de prevenir tragédias em locais públicos. Os associados do clube, que de acordo com a imprensa compreenderam e apoiaram as medidas adotadas, não podem ficar com suas vidas e sua saúde à mercê de diretores como o senhor Barros e Silva, que vem a público atacar o prefeito Paulo Maluf apenas como forma e pretexto para fugir às suas próprias responsabilidades.

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