São Paulo, quarta-feira, 15 de março de 1995
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Real tira renda de trabalhador

FRANCISCO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O rendimento médio dos trabalhadores com carteira assinada caiu 5% no último semestre de 94, os primeiros seis meses do Plano Real, segundo dados divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O resultado da renda nos seis primeiros meses do real só foi negativo para os empregados com carteira assinada. Os empregados sem carteira assinada tiveram alta de 6% nos seus rendimentos, e os trabalhadores por conta própria aumentaram sua renda em 13%.
Assim, o rendimento médio das pessoas ocupadas no Brasil cresceu 6% no ano passado em relação a 93. Foi o segundo ano consecutivo de aumento da renda média. Em 93 o crescimento foi de 9%.
Mesmo assim, o crescimento acumulado nos dois anos (15,54%), não foi suficiente para superar três anos anteriores de queda na renda média. De 90 a 92 a queda acumulada foi de 37,73%.
Segundo Shyrlene Ramos de Souza, da equipe de Análise de Conjuntura do IBGE, o resultado reflete a política salarial implantada com o Plano Real, com reajustes restritos a data-base.
Shyrlene de Souza disse que o caso dos trabalhadores sem carteira assinada reflete uma opção das empresas por contratar pessoas sem pagar encargos sociais.
E o aumento da renda de quem trabalha por conta própria teria sido decorrente do fato de essas pessoas não terem nenhum tipo de restrição sobre os preços dos seus produtos ou serviços.
Como consequência da queda nos rendimentos das pessoas com carteira assinada, o rendimento das pessoas ocupadas em geral cresceu apenas 2,5% no segundo semestre do ano passado.
O crescimento de 6% em todo o ano foi obtido graças a um melhor desempenho da renda no primeiro semestre. Para as pessoas ocupadas em geral o crescimento de janeiro a junho de 94 foi de 10%; para os trabalhadores com carteira assinada, 6%; sem carteira, 8%; e trabalhadores por conta própria, 15%.

Desemprego
A taxa de desemprego medida pelo IBGE registrou em janeiro deste ano uma alta de 29%, chegando a 4,42%, contra 3,42% em dezembro/94. Segundo Shyrlene de Souza, o resultado reflete uma característica dos meses de janeiro, quando é normal uma redução do emprego.

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