São Paulo, quarta-feira, 15 de março de 1995
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Para Serra, reservas acima de US$ 25 bi são confortáveis

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo FHC quer reverter a situação de déficit verificada na balança comercial nos últimos quatro meses e terminar o ano com um saldo positivo das exportações sobre as importações.
O resultado da balança comercial de fevereiro pode ser divulgado hoje. O déficit deve ficar em torno de US$ 1 bilhão, segundo a Folha apurou.
"Vamos nos orientar decididamente nesta matéria. Trabalhar com muito empenho para obter superávits.", disse ontem o ministro José Serra (Planejamento), na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.
Com esta retomada da política de superávits, o governo demonstra preocupação de manter em nível "confortável" as reservas cambiais do BC (Banco Central) e evitar o problema enfrentado pelo México.
Nível "confortável", segundo José Serra, " é qualquer coisa acima dos US$ 25 bilhões". O acúmulo de reservas cambiais "é uma garantia de estabilidade", afirmou o ministro.
No lançamento do Plano Real, o governo contava com cerca de US$ 43 bilhões em reservas cambiais.
Antes dos diversos leilões de venda de dólar feitos pelo BC para impedir a alta da moeda norte-americana, as reservas estavam em US$ 36 bilhões. Após os leilões, não há uma estimativa concreta sobre o atual nível das reservas.
No campo da política de comércio exterior, a sinalização contida no anúncio do ministro é de desonerar as exportações.
Neste sentido, José Serra prometeu que nesta semana sai a regulamentação da MP (medida provisória) 845, que assegura aos exportadores a devolução do PIS e da Cofins cobrados na penúltima etapa de produção de bens destinados à exportação.
A devolução aconteceria na forma de abatimento sobre outros impostos devidos.
Ao defender a necessidade de superávits comerciais, o ministro explicou aos senadores que tradicionalmente o Brasil é deficitário na "conta de serviços", ou seja, nas operações de entrada e saída de capital externo não relativas a comércio exterior (remessa de juros, pagamento de dívida, empréstimos, por exemplo).
O saldo comercial, portanto, "é necessário para contrabalançar a conta de serviços" para que o país feche 1995 com algum superávit no total de suas contas externas.
O depoimento do ministro no Senado sinalizou também que o governo não hesitará em adotar novas medidas anticonsumo.
Por várias vezes, José Serra frisou a necessidade de o governo "controlar a velocidade do crescimento econômico", fazendo com que a oferta dos produtos cresça junto com a demanda.

Déficit de fevereiro
O resultado ruim do comércio exterior em fevereiro conta com pelo menos estes motivos: os efeitos das medidas de contenção de importação ainda não foram sentidos; o anúncio das medidas foi precedido de muita especulação; aumento da entrada de veículos; a bolha de consumo de dezembro deixou rastros fortes que foram sentidos até em fevereiro.
Com o resultado de fevereiro, será o quarto mês consecutivo de déficit na balança comercial.

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