São Paulo, quarta-feira, 15 de março de 1995
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Inadimplência no comércio cai em março

SUZANA BARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Março começou com redução no nível de inadimplência no comércio paulista. Dados da Teledata, empresa de garantia de cheque, mostram que o número de cheques sem fundos caiu 42,79% nos primeiros sete dias do mês na comparação com o mesmo período de fevereiro.
"A inadimplência em março deve ser 30% menor do que a registrada em fevereiro", diz Antonio Afonso, diretor da Teledata.
Em fevereiro, a Associação Comercial de São Paulo registrou recorde de inadimplência, com crescimento de 134,9% em relação ao mesmo mês de 94.
Este recorde ocorreu porque as pessoas parcelaram suas compras no final do ano passado e depois não tiveram fôlego para honrar as prestações, feitas com cheque pré-datado ou crediário.
Agora, diz Afonso, as pessoas já enfrentaram o endividamento do Natal e pensam duas vezes antes de contrair novas dívidas. "A terceira parcela venceu em fevereiro é há cautela em fazer dívidas."
O volume de compras também é menor este mês, o que reduz a probabilidade de inadimplência. E o comércio está tomando medidas mais rigorosas para evitar o calote dos consumidores.
Gregório Navas, diretor da Serasa, confirma a redução da inadimplência em março. Para ele, a diminuição do número de cheques sem fundos é consequência das medidas de restrição ao consumo.
Nos primeiros oito dias de março, a Serara registrou a devolução de 152 mil cheques. A projeção, diz Navas, é de um total de 570 mil cheques sem fundos em março, contra os 847 mil devolvidos em fevereiro.
Gerson Gabrielli, presidente da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas, afirma que a menor inadimplência em março é consequência das liquidações do mês, quando há maior número de compras à vista.
A queda da inadimplência, no entanto, não está sendo acompanhada pela redução do número de cheques pré-datados, um dos principais instrumentos de compra pós-real.
Afonso, da Teledata, diz que o volume de pré-datados aumentou 1,64% nos primeiros sete dias de março na comparação com o mesmo período de fevereiro.
"O pré-datado continua crescendo, mas em ritmo menor." Para ele, o uso do pré-datado não deve ser abalado pelas medidas anticonsumo e continuará como instrumento de crédito a curto prazo.

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