São Paulo, quarta-feira, 15 de março de 1995 |
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Lucélia mostra o Brasil para chineses
SYLVIA COLOMBO
"Só que eles ainda vêem um Brasil colonial, por causa da penetração que a novela teve", diz a atriz Lucélia Santos. Ela é responsável, através de sua empresa Nhock Produções Artísticas, pela vinda da equipe da TV chinesa ao país. O documentário vai fazer propaganda do país. "Não quero saber de mostrar pobreza, não é o mais importante, isso eles podem descobrir sozinhos", disse a atriz. O roteiro foi elaborado por ela e por Pan Yong Yang, diretor do setor de teledramaturgia da Sichuan TV. A ênfase será dada a alguns interesses específicos que os chineses têm pelo Brasil. O futebol, a cultura e o setor de energia hidrelétrica vão receber atenção especial. "Os chineses são fascinados pelas nossas águas e os recursos que elas proporcionam", diz Lucélia. O projeto prevê filmagens nas plataformas da Petrobrás e na usina de Itaipu. A equipe já conversou com Pelé e visitou escolinhas de futebol no Rio de Janeiro, como a do ex-jogador Jairzinho. "Estou impressionado com as pessoas nas ruas de São Paulo e Rio, elas demonstram prosperidade", diz Yang. A beleza dos prédios das grandes cidades impressionou a equipe. "A preservação de prédios como o Museu do Ipiranga e o Teatro Municipal mostra que este é um país que dá valor à cultura", completa. Este cartão de visitas do Brasil deve ficar pronto em setembro e será transmitido para todos os países da Ásia. Terá duração de uma hora e apresentação de uma âncora da Sichuan TV, Gu Meng. Ela afirma que não sabe nada do Brasil. "Tudo o que aprendi até agora foi através da novela", diz. O projeto tem o patrocínio da Varig, CBPO, Petrobrás, Finepe, TV Bandeirantes e o apoio de alguns órgãos oficiais, como a Prefeitura de São Paulo. Napoleão Bonaparte disse certa vez que o mundo acordaria quando a China acordasse. Lucélia quer mostrar que este momento chegou. Terminado o documentário da Sichuan TV ela vai gravar um documentário sobre a China para os brasileiros. "Também só vou mostrar aspectos positivos, temos muito a aprender com eles." "Escrava Isaura", de Walter Negrão, passou pela primeira vez por lá em 1983, mas até hoje é reprisada. Já foi vista por 800 milhões de chineses, segundo estimativa de Yang. Ele afirma, inclusive, que "Escrava Isaura" mudou o conceito de teledramaturgia na China. Antes da transmissão da novela brasileira as novelas não tinham mais do que dez capítulos, tinham o esqueleto de minisséries. "Além disso, o seu eixo não era pessoal", diz Yang. A novela trouxe o enredo popular para o foco das atenções. "O dia-a-dia de pessoas comuns ganhou mais espaço e apelo emocional." Texto Anterior: Testemunho pode ser silencioso Próximo Texto: Michael Crichton escreve sequência de "Parque dos Dinossauros" Índice |
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