São Paulo, sexta-feira, 17 de março de 1995
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Maciel não vê necessidade de articulador

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

O vice-presidente Marco Maciel (PFL) avalia que o governo já tem vários canais de articulação com o Congresso e deixou claro que não vê a necessidade de o presidente Fernando Henrique Cardoso nomear um articulador, como quer o PSDB, partido de FHC.
Os tucanos indicaram anteontem o nome do ex-senador José Richa (PSDB-PR) para ocupar a função por temor de que o que chamam de vácuo na articulação seja ocupado por Maciel.
"É uma questão de saber se o presidente vai querer escolher mais um canal de interlocução com o Congresso. Já tem três canais de comunicação e articulação no Congresso", disse Maciel, referindo-se aos líderes do governo na Câmara, Senado e Congresso.
Ele desembarcou na manhã de ontem em Buenos Aires para representar FHC no enterro de Carlos, filho do presidente Menem.
Cauteloso, o vice-presidente esforçou-se em amenizar a disputa entre o seu partido e o PSDB pela nomeação de cargos de segundo e terceiro escalões.
"O acordo que fizemos com o governo foi programático e não pragmático. Estamos no mesmo barco e remando na mesma direção", comentou Maciel.
O vice-presidente repetiu várias vezes que estava "falando no condicional" porque não sabia de nenhuma decisão de FHC de colocar Richa como mais um articulador.
"A relação do PSDB com o PFL é muito boa. Fizemos coligação nas eleições presidenciais. Foi bem-desenvolvida e é madura entre social-democratas e liberais", observou Maciel. Ele disse que "um bom exemplo" da relação do PSDB com o PFL é a reforma constitucional.
"Estamos indo muito bem na reforma constitucional. Espero que se conclua logo a reforma política", afirmou.
Maciel analisa que a desvalorização do peso mexicano e a crise na economia argentina reforçam ainda mais a necessidade da reforma constitucional e da realização de um ajuste fiscal.
Segundo ele, FHC adotou nas negociações com o Congresso sobre reforma a mesma estratégia utilizada para implantação do Real, ou seja, o "gradualismo".
FHC não tem ainda um nome definido —nem sabe se terá— para a articulação política. Esta foi a posição oficial do do Planalto, divulgada ontem pelo porta-voz da Presidência, Sérgio Amaral.
Segundo Amaral, FHC acha a idéia ""construtiva", mas não se definiu sobre a conveniência de adotar a figura do articulador. Amaral negou que o nome do ex-senador José Richa (PSDB-PR) seja o mais cotado para o cargo.
Covas
Em São Paulo, o governador Mário Covas disse ontem que apóia "em todos os níveis" a indicação de Richa. Afirmou ainda ter "esperança" de que Richa aceite a indicação e que usará sua "influência" para isso.
"O Richa tem história, bom trânsito e está disponível", disse Covas. "Ele vai me dizer 500 desaforos quando souber que apóio sua indicação. Ele ainda está em lua-de-mel com a iniciativa privada. Mas deveria saber que nasceu mesmo para a vida pública".
Covas afirma que o governo estaria no caminho certo ao colocar no cargo de articular político uma figura de fora do Congresso. "Ele teria autonomia para tomar decisões, e dizer sim ou não quando necessário", disse.

Colaboraram Sucursal de Brasília e Reportagem Local

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