São Paulo, sexta-feira, 17 de março de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Brasil tentará acalmar europeus sobre a crise

Em Paris, chanceler discute cooperação

ANDRÉ FONTENELLE
DE PARIS

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Luiz Felipe Lampreia, vai procurar tranquilizar os governos europeus, preocupados com a instabilidade econômica na América Latina.
Lampreia participa hoje de conferência dos ministros das Relações Exteriores da União Européia e dos países latino-americanos do Grupo do Rio, para discutir a cooperação entre os dois continentes.
O ministro disse que levará "no máximo dez anos" a criação de uma zona de comércio livre entre o Mercosul e a União Européia.
Ontem, em entrevista coletiva, ele explicou que o Brasil fez "uma pausa" em seu crescimento econômico.
"Um crescimento forte demais é perigoso se for além da capacidade produtiva. Estamos chegando a esse limite no Brasil", afirmou o chanceler.
O governo, segundo Lampreia, espera ainda para 1995 a assinatura de um acordo de princípios, como um primeiro passo para um pacto comercial maior com a Europa.
O chanceler defendeu a criação de um mecanismo de defesa dos países contra os movimentos especulativos rápidos. Qualificou de "interessante" a proposta do presidente francês François Mitterrand de taxar os capitais investidos a curto prazo.
Caixa dois
Quanto às denúncias de "caixa-dois" em embaixadas brasileiras, o ministro disse que "basicamente não há nenhuma má-fé" na contabilidade das embaixadas acusadas. "Pode ser que haja um caso ou outro."
Ele afirmou que o Itamaraty "não tem nada a temer", mas que tomará medidas caso o Tribunal de Contas da União apure irregularidades.
Acrescentou que o governo realiza "uma revisão ampla das medidas administrativas" nas embaixadas.
Lampreia reafirmou a condenação brasileira ao embargo imposto pelos EUA contra Cuba: "É uma medida que não tem razão de ser." O líder cubano Fidel Castro foi recebido esta semana em Paris.

Texto Anterior: Consultoria recomenda mais ações brasileiras
Próximo Texto: Black & Decker nega repasse de futuro reajuste aos seus preços
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.