São Paulo, sexta-feira, 17 de março de 1995
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Perda de capital chega a US$ 242 mi por dia

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

Em janeiro deste ano, numa consequência imediata da crise mexicana de dezembro, o Brasil passou a perder capitais.
Em 1994, a entrada de dólares para invesvtimentos diversos superou a saída numa média diária de US$ 5 milhões.
Em janeiro, o saldo passou a negativo, de US$ 87 milhões/dia. Dados do Banco Central até o dia 15 apontam a saída diária de US$ 242 milhões. É o quase o triplo do saldo negativo médio registrado antes da desvalorização (US$ 74 milhões por dia).
Foi uma consequência da forte redução das entradas e um aumento no movimento de saída. Mas é curioso notar que, pelos números (veja o quadro acima), a situação parecia caminhar positivamente para o governo.
Em fevereiro, reduziu-se o ritmo de saída de dólares, conforme se vê na tabela nesta página.
A entrada continuou caindo. Mas no geral, o saldo negativo diminuiu.
E nos dois primeiros dias de março, o déficit diário voltou a cair, basicamente pela recuperação das entradas.
E aí veio a desvalorização do real (ou a valorização do dólar) anunciada em 6 de março. Nesse semana, foi o desastre: US$ 2,8 bilhões foram embora. Pode-se considerar que isso era esperado em meio à crise.
Mas nesta semana, quando já parece claro que o Banco Central controlou a especulação, a saída de investimentos está numa média diária de US$ 362 milhões, bem superior à registrada antes da desvalorização.
Aplicada para sanear as contas externas, a desvalorização até aqui produz resultado contrário. No entanto, ainda é cedo para se concluir que o movimento desta semana indica tendência duradoura.

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