São Paulo, sexta-feira, 17 de março de 1995
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Gustavo Franco pede paciência

DANIELA ROCHA
DE NOVA YORK

O diretor de Política Internacional do Banco Central, Gustavo Franco, afirmou ontem em Nova York, que os investidores estrangeiros devem ser pacientes com relação à política de incentivo à entrada de capital externo.
"Todas as reformas constitucionais propostas devem ser efetuadas, mas não podem ser precipitadas", afirmou.
Ele disse que existe muita pressão sobre o governo nesse sentido. "O novo governo tem apenas dois meses e meio e precisa de tempo para redefinir relações com o Congresso com idéias e não com política clientelista", disse.
Franco admitiu à Folha que só na semana passada, em que foi anunciada a adoção do sistema de bandas, a balança comercial brasileira registrou resultado líquido superior a US$ 2 bilhões negativos. "Mas foi uma semana atípica. O mercado é muito dinâmico. Esta semana o quadro já é diferente." Segundo ele, o governo não deve mudar a faixa da banda.
Segundo ele, é errado considerar que a política econômica brasileira se apóia na chamada âncora cambial. "Em macroeconomia, é necessário ter todas as âncoras: fiscal, cambial, monetária etc. Se não, não existe consistência."
Os investidores se mostraram satisfeitos com o que ouviram. Segundo um representante do Citicorp, "tudo indica que poderemos trabalhar em conjunto". "Devo dizer que apoiamos em 100% as medidas", afirmou a Franco no final da palestra, o representante do Garantia Inc., Scott Kuhner.
Sobre privatização, Franco disse que o Brasil estuda fazer uma combinação de privatização e concessão, de forma a trazer benefícios para todos. "Considero que o setor elétrico permite o modelo de privatização que propomos."
Franco negou que pretende se demitir do cargo. Sobre as divergências que teria com Pérsio Arida, Franco disse: "Nós do BC somos amigos de muito tempo. Às vezes temos diferentes opiniões e no Brasil tende-se a se dar uma dimensão política a isso, o que é errado".

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