São Paulo, sexta-feira, 17 de março de 1995
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Dini vence disputa com Berlusconi

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo italiano venceu ontem duas votações e afastou a perspectiva de eleições antecipadas no mês de junho, como queria o ex-premiê Silvio Berlusconi.
A Câmara dos Deputados aprovou por 315 a 309 o voto de confiança ao governo de Lamberto Dini. Se derrotado, o primeiro-ministro deveria renunciar, o que abriria caminho para a convocação de eleições antecipadas.
A suplementação orçamentária —que implica aumento de impostos e corte dos gastos públicos— de US$ 12,5 bilhões foi aprovada por 315 a 303.
A votação de ontem indica uma nova formação no quadro político italiano. De um lado, o Pólo da Liberdade, que reúne o partido Força Itália, de Berlusconi, a neofascista Aliança Nacional e um pequenos grupos católicos e liberais.
O governo Dini se apresenta como técnico e pronto a renunciar após a aprovação de várias reformas: eleitoral, de aposentadorias, do orçamento e da propriedade e uso dos meios de comunicação.
Pré-candidato da centro-esquerda ao posto de primeiro-ministro, o economista Romano Prodi iniciou uma caravana por cem cidades do país explicar suas propostas e conseguir apoio eleitoral.
Logo após a aprovação do pacote orçamentário, que ainda irá ao Senado, a Bolsa de Milão chegou a subir 2,47%. A cotação da lira italiana subiu: de 1.206,75 por marco alemão para 1.200,19.
"Um senso de responsabilidade venceu o dia. Se o orçamento tivesse sido derrotado, veríamos a Itália no caminho do México", afirmou o centrista Mario Segni.
Analistas políticos ouvidos pela agência "Ansa" prevêem eleições antecipadas apenas em outubro.
Antes disso, haverá duas votações no país: em abril, eleições regionais, provinciais e municipais e, em junho, sete referendos.
Entre os temas que serão submetidos a referendo estão a propriedade e o uso de canais comerciais de televisão.
Adversários dizem que Berlusconi quer antecipar as eleições porque isso obrigaria o adiamento dos referendos por um ano.
Os grupos que apóiam o governo sustentam que é preciso eliminar o desequilíbrio no acesso aos meios de comunicação antes de convocar eleições.
Essa posição tem alvo certo, o ex-premiê Silvio Berlusconi, proprietário dos três principais canais comerciais de televisão do país.

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