São Paulo, sábado, 18 de março de 1995
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FHC ataca dono de escola, professor e reitor

SILVANA DE FREITAS
DA ENVIADA ESPECIAL AO RIO

O presidente Fernando Henrique Cardoso atacou duramente ontem, no Rio, os donos de escolas, professores universitários e "reitores mal-informados" ao defender o sistema de avaliação educacional e a melhoria do ensino básico.
"É preciso ter uma disposição muito forte para mudar, quebrar privilégios ou nós vamos deixar que os nossos alunos entrem em escolas mal-qualificadas, paguem alto para estudar e depois eles recebam um diploma que é vazio porque não aprenderam nada".
Segundo FHC, "os donos de escolas vão gritar. Eventualmente, os reitores mal-informados vão gritar. E aí vão dizer: 'Não, não, não, isso é ditatorial'. Ditatorial é usar a boa-fé do povo, cobrar caro e não ensinar nada".
Ele deu essas declarações a cem empresários, artistas e personalidades ao lançar o projeto oficial "Acorda Brasil, Está na Hora da Escola". O objetivo do projeto é incentivar o investimento privado no ensino.
Fernando Henrique comparou as universidades brasileiras à de Cambridge (Reino Unido) para reforçar seus argumentos.
"A mim sempre me impressionou muito Cambridge. Comparada a outras universidades que conheço, até aqui, é modesta. Mas vai ver o que sai dos laboratórios de lá. Vai ver o que sai dos livros que lá se escrevem".
Ele criticou a "visão aristocrática" do ensino ao citar os educadores Anísio Teixeira e Fernando de Azevedo, que teriam valorizado o ensino fundamental. "A visão tradicional do Brasil era aristocratizante (nos anos 20). Coitado do Brasil, que nunca conseguiu ter aristocracia, a não ser a importada de Portugal".
FHC negou que tenha dado aula em Sorbonne (França). "Eu digo sempre que nunca dei aula na Sorbonne, porque Sorbonne é um prédio da Universidade de Paris, e eu dei em outros (prédios)".
Ele avisou que vai criar o sistema de avaliação do ensino "por mais que gritem". A proposta do governo é aplicar provas nos alunos de universidades, depois que receberem o diploma, para avaliar o preparo dos profissionais.
FHC disse que "o professor primário não pode mais continuar ganhando como ganha, é muito pouco". Ele lembrou que a melhoria dos salários depende dos governos estaduais e municipais.
Mas disse estar disposto a "quebrar privilégios" da categoria para alcançar em seu governo a meta de melhoria do ensino.

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