São Paulo, sábado, 18 de março de 1995
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Programa amplia prédios para dez andares

VICTOR AGOSTINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Prefeitura de São Paulo começa em dois meses a construir prédios com dez andares para abrigar favelados da cidade.
Cinco favelas paulistanas foram escolhidas para a verticalização: Chaparral (na marginal Tietê), Santo Antônio (em Campo Limpo), Uirapuru (na Raposo Tavares), São Judas (Vila Mariana) e Raul Seixas (Itaquera).
Elas fazem parte da segunda fase do Projeto Cingapura, da Secretaria da Habitação, que verticaliza favelas, mas que, até agora, só estava fazendo prédios com no máximo quatro andares.
Como exige a lei municipal, os edifícios com dez andares e até seis apartamentos por andar precisarão ter ao menos um elevador.
Os técnicos da Secretaria da Habitação estão tentando resolver agora um detalhe que, se fosse em um empreendimento voltado para a classe média não teria o menor sentido, mas, como se trata de edifício voltado para favelados, assume grandes proporções: em quais andares deve parar o elevador.
Cada parada do elevador significa um custo para o condomínio repartir. "Estamos fazendo os cálculos, mas, se a diferença for pequena, quero que pare em todos os andares", afirmou Lair Krahenbuhl, secretário da Habitação.
A outra alternativa seria a instalação de um elevador que parasse apenas no térreo, no quarto andar e no sétimo. Esses andares foram escolhidos para atender a legislação municipal, que estabelece que prédios com mais de quatro andares tenham elevadores.
Quem precisar ir até o décimo andar, por exemplo, descerá no sétimo e subirá três andares. Outra forma de evitar viagens desnecessárias no elevador é a instalação, o mais alto possível, de um plugue dentro da cabine. O dispositivo evitaria que crianças ficassem brincando no elevador.
Segundo cálculos de Krahenbuhl, o condomínio de um apartamento nestes "espigões" custará para o morador R$ 25,00. Já nos prédios com quatro andares o preço está definido em R$ 17,00.
A Secretaria da Habitação acredita que a transição do favelado, que mora em barraco, para o status de condômino deve ser tranquila. "É preconceito dizer que pobre não sabe andar de elevador", disse o secretário.

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