São Paulo, sábado, 18 de março de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

'Eu nunca me senti grávida'

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

"Eu estava indo para o trabalho, era umas 4h; aí esse sujeito me abordou, me assaltou e me violentou; e eu me vi grávida. Não, eu nunca me senti grávida, não me senti mãe, porque uma coisa linda não pode ser feita com um revólver te ameaçando. Quando eu cheguei no Jabaquara eu cheguei morta. Eles me ajudaram a viver de novo."
O depoimento é de Luciana (nome fictício), 42 anos, no vídeo "Aborto Legal".
"Quando eu e minha filha chegamos aqui no hospital era tarde demais, ela já tinha passado das 18 semanas. A menina tinha 12 anos, foi estuprada pelo padrasto. O nenê vai nascer de hoje para amanhã. Um casal já concordou em ficar com a criança." Relato de Iara, mãe de Helena (nomes fictícios), atendida no Jabaquara. Quando o bebê nasceu, o casal que o adotaria voltou atrás, alegando que a criança nasceu mais negra do que imaginava. O bebê foi levado para a Febem.
"Peguei rubéola quando estava grávida, mas minha família não deixou fazer aborto. Minha filha nasceu surda, foi pior assim. Fiz um aborto por estupro e outro por mim mesma, numa clínica. Agora tenho 35 anos e quero ter um nenê. Esse vai planejado." Depoimento de Adriana (nome fictício).
(AB)

Texto Anterior: 'Aborto é contra o que aprendi'
Próximo Texto: Programa amplia prédios para dez andares
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.