São Paulo, sábado, 18 de março de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Boataria derruba índices das Bolsas

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

Após a calmaria do dia anterior, o mercado financeiro trabalhou ontem sob forte agitação.
O nervosismo tomou conta do mercado cambial logo de manhã com a informação de que o diretor do Banco Central, Gustavo Franco, disse em Nova York que o intervalo de variação cambial ("banda") ficaria entre R$ 0,88 e R$ 0,93 nos próximos 12 meses e que os juros atingiram nível máximo.
As cotações de venda do dólar comercial caíram para R$ 0,888 logo na abertura dos negócios, contra R$ 0,893 no fechamento do dia anterior. As projeções de taxas de juros (DI) no mercado futuro para março recuaram de 4,67% para 4,56%.
As taxas de juros dos CDBs recuaram de 71,96% ao ano para a equivalência de 31 dias para 69,70% ao ano ontem.
A partir das 11 horas, iniciaram-se os boatos de que o presidente do Banco Central, Pérsio Arida e o diretor da Área Internacional do BC, Gustavo Franco, estariam demissionários.
O dólar comercial deu um salto para R$ 0,892 e atingiu R$ 0,897 no início da tarde.
Os desmentidos governamentais da saída dos representantes do BC não surtiram efeito e o câmbio fechou em alta com a cotação de R$ 0,897 para venda.
As cotações do dólar subiram e sem a atuação do Banco Central pelo terceiro dia consecutivo.
A cotação do dólar registrou alta e os índices das Bolsas caíram. O indicador da Bolsa paulista chegou a cair 7,47% às 12 horas, por causa da boataria no mercado financeiro.
O Banco Central desmentiu a saída de Pérsio Arida e Gustavo Franco e o índice da Bolsa paulista se recuperou no início da tarde, fechando, porém, em baixa de 5,11%. As ações com maior baixa nas cotações foram Eletrobrás ON (-10,7%) e Eletrobrás PNB (-8,5%).
Na Bolsa de Mercadorias & Futuros, houve ontem exercício de opções, movimentando 72,88 toneladas de ouro com valor financeiro de R$ 983,85 milhões.

JUROS
Curto prazo
Os cinco maiores fundões renderam, em média, 0,150%. Segundo a Andima, a taxa do over ficou, em média, em 6,02% ao mês, projetando 4,26% no mês. No mercado de Certificados de Depósito Interbancário (CDIs), as taxas de juros ficaram, em média, a 6,09% ao mês, projetando 4,38% no mês.
As cadernetas que vencem hoje rendem 2,0509%. CDBs prefixados de 31 dias negociados ontem: entre 41% e 71% ao ano. CDBs pós-fixados de 122 dias: 15,5% a 15,7% ao ano mais a variação da TR.

Empréstimos
Empréstimos por um dia ("hot money") contratados ontem: a taxa média foi de 7,29% ao mês, projetando rentabilidade de 5,33% no mês. Para 31 dias (capital de giro): de 88% a 148% brutos ao ano.

No exterior
Prime rate: 9%. Libor: 6,38%

AÇÕES
Bolsas
São Paulo: queda de 5,11%, fechando com 29.811 pontos e volume financeiro de R$ 235,64 milhões. Rio: baixa de 3,8%, encerrando a 14.272 pontos e movimentando R$ 19,55 milhões.

Bolsas no exterior
Nova York: o índice Dow Jones fechou a 4.073,30 pontos. Londres: o índice Financial Times encerrou a 2.362,10 pontos. Em Tóquio, o índice Nikkei fechou a 16.251,23 pontos.

DÓLAR E OURO
Dólar comercial (exportações e importações): R$ 0,895 (compra) e R$ 0,897 (venda). No dia anterior, segundo o Banco Central, o dólar comercial fechou a R$ 0,893 (compra) e R$ 0,895 (venda). "Black": R$ 0,890 (compra) e R$ 0,900 (venda). "Black" cabo: R$ 0,898 (compra) e R$ 0,903 (venda). Dólar-turismo: R$ 0,870 (compra) e R$ 0,910 (venda), segundo o Banco do Brasil.
Ouro: estável, fechando a R$ 11,10 o grama na BM&F.

Câmbio contratado
O saldo de fechamento de câmbio comercial (exportação menos importação) neste mês até o último dia 16 é positivo em US$ 329,40 milhões. As saídas financeiras superam as entradas de dólares em US$ 3,394 bilhões. O saldo total (comercial e financeiro) está negativo no mesmo período em US$ 3,06 bilhões.

No exterior
Segundo a agência "UPI", em Londres, a libra foi cotada a 1,5790. Em Frankfurt, o dólar foi cotado a 1,3865 marco alemão. Em Tóquio, o dólar foi cotado a 89,26 ienes. Em Nova York a onça-troy (31,104 gramas) do ouro fechou a US$ 383,40.

FUTUROS
No mercado de DI (Depósito Interfinanceiro) da BM&F, a projeção de juros para março fechou a 4,56% e para abril a 4,66% no mês. No mercado futuro do índice Bovespa, a cotação para abril ficou a 30.500 pontos. No mercado futuro de dólar, a moeda norte-americana para março fechou a R$ 0,915 e a R$ 0,945 para abril.

Texto Anterior: Contribuinte receberá manual do IR em casa
Próximo Texto: Safra recorde traz prejuízo ao produtor
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.