São Paulo, sábado, 18 de março de 1995
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Saques na poupança superam depósitos

FIDEO MIYA
DA REPORTAGEM LOCAL

A captação líquida da caderneta de poupança continua negativa em março, ou seja, as retiradas continuam superando os depósitos.
Segundo dados apurados ontem pelo Banco Central, os resgates líquidos até o dia 13 deste mês foram de R$ 456,137 milhões.
Essa saída corresponde a 0,99% do saldo no final de fevereiro, que era de R$ 46,085 bilhões. Mas ela foi inferior aos rendimentos de R$ 723,564 milhões creditados no mesmo período.
Por isso, o saldo total das contas subiu para R$ 46,353 bilhões no dia 13 de março.
As retiradas foram de R$ 6,428 bilhões nos 13 primeiros dias deste mês, contra depósitos de R$ 5,972 bilhões.
As contas de poupança com "aniversário" no dia 13 terão um rendimento de 4,81% em abril, muito acima da inflação média de 2% e 2,5% estimada para este e o próximo mês, respectivamente.
Essa rentabilidade, porém, não reverteu a tendência negativa da captação.
Os dados do BC mostram que somente no dia 13 passado as retiradas foram de R$ 792,749 milhões e os depósitos, de R$ 725,305 milhões, resultando numa saída líquida de R$ 67,444 milhões.
Os indicadores do comércio varejista dão sinais de desaquecimento do consumo.
Por isso, a avaliação dos técnicos do BC é de que o dinheiro sacado da poupança está sendo utilizado, principalmente, para complementar a renda mensal no pagamento das dívidas assumidas com as compras a prazo feitas em meses anteriores.
A Abecip, entidade que reúne os bancos que operam com crédito imobiliário (não entra a "poupança rural" do Banco do Brasil), registrou uma captação líquida negativa de 0,76% nos primeiros dez dias deste mês.
Ela corresponde a resgates líquidos (retiradas menos depósitos) no valor de R$ 283,733 milhões.
O presidente da entidade, João Batista Gatti, diz que esse índice de captação negativa é menor do que o registrado no mesmo perído de fevereiro (0,82%).
A expectativa de Gatti é de que o sistema de poupança feche o mês de março com estabilidade na captação, ou seja, com empate entre depósitos e retiradas.
Ele baseia essa expectativa em dois fatores: a rentabilidade melhor da poupança, que tem ficado em torno de 4,5%, e o arrefecimento da onda de consumo.

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