São Paulo, sábado, 18 de março de 1995
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'Sonho Doce' mostra truques e trocadilhos

MÔNICA RODRIGUES COSTA
EDITORA DA FOLHINHA

"Sonho Doce" está em cartaz no teatro móvel Engenho Teatral, uma espécie de circo montado no Centro Educacional e Esportivo Sampaio Moreira (C.E.E), que pertence ao grupo Engenho.
A primeira coisa que chama a atenção é a disponibilidade desse grupo em apresentar um espetáculo gratuito, sem patrocínio. Esse tipo de iniciativa atrai um público que não está acostumado a frequentar teatros.
Antes da apresentação, os atores do elenco orientam uma platéia tímida, indicando os lugares que ainda estão vagos, em uma atitude quase que paternal.
Só então "Sonho Doce" começa. A montagem, dirigida por Luiz Carlos Moreira, exibe uma diversidade de recursos cênicos, tais como formigas que andam sozinhas, movidas por controle remoto, projeções de slides em uma tela central, teatro de sombras e com bonecos.
O texto foi escrito por Celso Cardoso e Will Damas. O cenário (Moreira) é simples, mas bem articulado. Os objetos de cena são construídos com um mesmo tecido e pertencem a um só ambiente, uma confeitaria.
Ali, os doces são os cozinheiros e precisam produzir guloseimas para vender.
Quando estão fabricando seus produtos, os doces sentem falta de alguns ingredientes e descobrem que as formigas do formigueiro vizinho estão levando o açúcar da confeitaria. Há guerra entre formigas e doces, mas tudo acaba bem.
O líder dos doces é um bombom bêbado, chamado Licorino (César di Senzi). Seus colegas doces reclamam que ele é mandão, mas o ator configura Licorino muito mais como um bombom embriagado do que como um personagem autoritário.
Outro personagem, Rocambole (Will Damas), troca a forma de pronunciar as palavras e provoca risos na platéia.
Por sua vez, as gêmeas Cocadinha de Queijo e Queijadinha de Coco (Irací Tomiatto e Jô Rodrigues) exibem virtuosismo ao sincronizarem gestos e falas.
A peça é cheia de trocadilhos verbais e truques visuais. O grupo tem uma atuação profissional correta e apresenta um trabalho bem-acabado. Mas "Sonho Doce" não chega a encantar. Talvez porque falte atualidade no repertório do grupo. Creio que um texto que tivesse outros ingredientes, como chicletes, chips, confetes, desse outro sabor às cenas.

Peça: Sonho Doce
Direção: Luiz Carlos Moreira
Elenco: Celso Cardoso, César di Senzi, Irací Tomiatto, Jô Rodrigues, Nilda Bastos e Will Damas
Onde: C.E.E Sampaio Moreira, Teatro Engenho Teatral (r. Apucarana, s/nº, próximo à estação Carrão do Metrô, tel. 011/288-6350, Tatuapé)
Quando: sábados e domingos, às 16h
Quanto: grátis; pegar ingressos na hora, no local.

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