São Paulo, domingo, 19 de março de 1995
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Metalúrgicos de SP apóiam privatizações

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os metalúrgicos de São Paulo são a favor do fim da estabilidade no emprego para o funcionalismo público e apóiam a privatização da Petrobrás, Telesp e Banespa.
É isso que indica levantamento informal feito pelo Sindicato dos Metalúrgicos da cidade de São Paulo, filiado à Força Sindical, junto a suas bases.
A porcentagem cresce para 68,2% quando se trata do apoio à privatização do Banespa.
As razões, segundo Raul de Paiva Giliberti, 42, metalúrgico da Brazaço Mapri: "Os funcionários públicos não trabalham e, quando a gente precisa do serviço deles, é sempre péssimo."
Na porta da empresa, na Lapa, zona oeste de São Paulo, ele disse à Folha que se as estatais fossem privatizadas, haveria melhoria no atendimento. "O patrão do setor privado teria de oferecer bom serviço para sobreviver no mercado."
Geraldo Ferreira dos Santos, 57, metalúrgico da Mafersa, disse, também na porta da fábrica, na Lapa, que a Petrobrás é "um verdadeiro cabide de empregos. Ela deveria dar muito lucro pois nosso petróleo é um dos mais caros do mundo." Para ele, os funcionários públicos "encostam o corpo" e há muitos "abusos". Ele quer demissões com "critério".
Já metalúrgico Claudemir de Marchi, 28, da Brazaço Mapri, disse ser a favor da privatização das empresas que não dão lucro. "Não sei se é caso da Petrobrás ou Telesp, mas do Banespa, com certeza, pelo que eu vejo na TV."
O levantamento mostrou que a maioria (75,4%) dos metalúrgicos é a favor da realização de reformas na Constituição.
A quase totalidade —93,1%— se colocou favorável a uma reforma fiscal para reduzir o número de impostos existentes hoje.
O presidente do sindicato, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, disse que a pesquisa é "um alerta" ao presidente Fernando Henrique Cardoso, de que o "povo quer mudanças urgentes".
"O Brasil não aguenta mais o passinho de tartaruga. Essas respostas dos trabalhadores nos orientam no sentido de, se preciso, ir à greve em defesa das reformas."
A posição favorável às propostas de reforma do governo muda quando se trata da Previdência.
A ampla maioria dos metalúrgicos —83,7%— é contra o fim da aposentadoria por tempo de serviço. Há apoio da categoria no sentido de acabar com a aposentadoria especial dos parlamentares e juízes —nada menos do que 91,8% defendem o fim do "privilégio".

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