São Paulo, domingo, 19 de março de 1995
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JUVENTUDE EMBRIAGADA

Teens começam a beber aos 10 anos

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Graça P., 17, começou a beber pinga aos 9 anos. Tomava um golinho escondido. Aos 12, virava um copo de vodca. Dois anos depois tomava três doses de pinga "coquinho" antes de entrar na aula, às 8h.
Aos 15, adicionou cocaína e crack ao coquetel e namorava um "patrão", gíria que designa os chefes do tráfico. A essa altura virava até um litro de pinga numa noite. Começou a desaprender a escrever e não conseguia fazer conta de divisão com dois algarismos. O "patrão" enjoou-se dela e "vendeu-a" para cinco traficantes.
O caso de Graça P., uma garota de classe média de São Paulo, é extremo só na "venda" e no envolvimento com drogas. No capítulo álcool, sua história se parece com a de centenas de milhares de adolescentes.
Pesquisa do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) mostra que 70,4% dos estudantes de 1º e 2º graus da rede estadual da cidade de São Paulo começam a beber por conta própria entre 10 e 12 anos. Pior. É justamente nesta faixa de idade que aparece o maior crescimento. Em 1987, o índice era de 64,2%.
Só para ter uma idéia do estrago, nos Estados Unidos, país com fama de beberrão, o percentual dos que começam a beber entre 10 e 12 anos é de 50,2%.
No México, país mais parecido com o Brasil para o bem e para o mal, o índice é mais baixo ainda: 40,5% dos homens e 46% das mulheres bebem quando têm entre 10 e 12 anos.
Em tempo: Graça P. parou de beber há sete meses e passa bem.

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Sobre a juventude embriagada à pág. 3

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