São Paulo, domingo, 19 de março de 1995 |
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Desgaste de Arida já preocupa governo FHC
GUSTAVO PATÚ; FERNANDO GODINHO
Coordenador de Economia da Sucursal de Brasília O presidente Fernando Henrique Cardoso está preocupado com o desgaste a que vem sendo submetido o presidente do Banco Central, Pérsio Arida. A preocupação aumentou anteontem, a partir da exposição no mercado financeiro das relações de amizade de Arida com seu ex-sócio, o banqueiro Fernão Bracher, controlador do BBA-Creditanstalt e ex-presidente do BC. O BBA é um dos 20 bancos "dealers", que operam no mercado de câmbio em nome do Banco Central. O receio, compartilhado pelos ministros Clóvis Carvalho (Casa Civil) e José Serra (Planejamento), é o de que a credibilidade de Arida acabe sendo afetada. Segundo a Folha apurou, embora faça restrições à sua atuação na crise cambial da última semana, FHC mantém a confiança em Arida. Descarta a suspeita, aventadaa pelo mercado, de que Arida tenha permitido ao BBA o acesso privilegiado a informações sobre as alterações na política cambial. A opinião do comando do governo é a de que Arida começou a se expor desnecessariamente no instante em que, uma semana antes do anúncio das mudanças no câmbio, nos feriados de Carnaval, passou uma noite na fazenda de Bracher, seu amigo pessoal. Arida e Bracher foram sócios da empresa HE Participações S.A., fundada em abril de 1988. Arida deixou a HE em junho daquele mesmo ano. Um mês depois, a empresa se tornou a principal acionista do BBA. Em janeiro último, Arida convidara o filho de Bracher, Cândido, para a diretoria de Política Monetária do BC. Anteontem, espalhou-se pelo mercado a falsa informação de que Arida seria um dos sócios do BBA. Arida enviou documentos à Folha comprovando ter se desligado da HE Participações —da qual era sócio com Bracher— antes que ela formasse o BBA. Investigações O BC ainda investiga a ação dos "dealers" na semana da mudança no câmbio. Arida já declarou que ocorreram irregularidades. Até agora, só o banco Safra teve descredenciamento confirmado. A tendência do BC, segundo apurou a Folha, é a de não fazer novas punições de "dealers", mantendo em sigilo a investigação feita sobre os bancos. O BC analisa a hipótese de extinguir o sistema de "dealers". Para isso, negocia com a Andima —que reúne os bancos participantes do mercado aberto. A idéia é montar um sistema de informática permitindo operar com todos os bancos ao mesmo tempo. Texto Anterior: Inocentes e canibais Próximo Texto: CRONOLOGIA Índice |
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