São Paulo, domingo, 19 de março de 1995 |
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Corinthians pega um São Paulo em débito
ALBERTO HELENA JR.
Como pano de fundo, claro, os novos contratos de patrocínio do clube, um esquema complexo e nebuloso cujo mistério Romeu Tuma Jr. garante não ter podido desvendar, mas que, agora, como policial deverá fazê-lo. Deveria tê-lo feito não só como policial, mas como diretor, corintiano e cidadão. As veladas ameaças disparadas agora deram o tom soturno no final de mais um ato desta tragicomédia que é o futebol dirigido por amadores (nem tanto, nem tanto, sobretudo quando o dinheiro corre daqui pra lá nos contratos publicitários ou nas transferências dos jogadores). Os craques, por sua vez, querem saber quanto vão levar nisso, pois ostentam no peito o escudo do clube num lado e o logotipo comercial no outro. Some-se a isso a luta pelo poder no clube, às vésperas de mais uma eleição, e está armado sobre o fogo brando o caldeirão onde o primeiro a ser cozinhado, como um bispo Sardinha, é o técnico. Mário sai chamuscado, mas inteiro. Agora, só resta esperar para onde nos conduzirão as investigações do nosso sherlock de plantão. Só espero que não seja ao Castelões, onde se servem as mais apetitosas pizzas de minha velha cidade. Assim mesmo, o Corinthians volta a campo esta tarde para pegar um São Paulo sem crise, mas também em débito. Pelo menos, no que toca ao time principal, que, desde a volta de Telê, não consegue engrenar. O velho mestre, porém, parece ter detectado um dos pontos cruciais da equipe: tirou o apático Sierra, meteu o menino Denílson em seu lugar e o time disparou uma goleada sobre os reservas, no coletivo da semana. Mas perdeu André. Como não pode contar também com Ronaldo Luís, resolveu ousar: vai de Aílton, um meia avançado, na lateral esquerda. É aquele ponto suspenso no ar, entre a glória e o fracasso. Explico: Aílton, por não ser da posição, tampouco possuir força e hábito de marcar, pode oferecer a Marcelinho, que, com a saída de Mário, volta a ser um atacante solto pela direita, a chance de dar a volta por cima. Porém, por ser um atacante nato, canhoto, pode acabar sendo o atalho certo para o tricolor contornar a muralha armada pelo técnico interino, Eduardo, no meio-campo, com Bernardo, Ezequiel e Zé Elias, um trio de ferro na marcação. Essa resposta só teremos depois que a bola começar a rolar. Um dos prazeres que a imprensa me oferece são os textos de Marcelo Coelho. Mas o de quarta, sobre Romário, Edmundo e a relação entre público e ídolos modernos, despertou-me um sentimento malsão —a inveja de não tê-lo assinado. Texto Anterior: Clássico do Pacaembu opõe filosofias de gestão Próximo Texto: Enquanto isso... Índice |
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