São Paulo, domingo, 19 de março de 1995
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Enquanto isso...

SÍLVIO LANCELLOTTI

A imprensa do Terceiro Mundo costuma delirar quando acontece algum escândalo no futebol da chamada civilização, a Europa e os seus entornos. Um caso qualquer de suborno na Itália ou de doping na Alemanha, afinal, aproxima o Hemisfério Sul do Velho Continente. Num lampejo, nos tornamos todos iguais.
Agora, voltam aos jornais os episódios de corrupção no "soccer" da Inglaterra, que pitéu, a terra-mãe da bola trabalhada com os pés. A mesma santa Inglaterra que já foi cassada dos torneios interclubes da Europa por causa da violência das suas torcidas. A mesma Inglaterra que se prepara a realizar, num cenário de muitas preocupações, a próxima copa continental de seleções, em 96.
Na última semana, três celebridades do "soccer" acabaram na cadeia, supostamente envolvidas num esquema de falsificação de resultados em favor de um punhado de apostadores da Malásia: o atacante John Fashanu, do Aston Villa, mais os arqueiros Hans Segers, do Wimbledom, e Bruce Grobbelaar, zimbabuense do Southampton. A terra imperial de Sua Majestade não está isenta dos falcatrueiros de plantão.
Por lá, quem comete crimes, mesmo esportivos, não escapa da inevitável e obrigatória punição. Os casos se sucedem, mas a Justiça não hesita em cobrar e em sentenciar os responsáveis. Eu alinho um punhado aleatório de exemplos.
1) Em 1965, Peter Swann, do Sheffield Wednesday e da nacional da Inglaterra pegou quatro meses de prisão por ceder à tentação do suborno dos apostadores.
2) Em 1971, Peter Sorey, da nacional e do Arsenal, líder do time que conquistou o campeonato e a Copa da Inglaterra na mesma temporada, pegou um ano de prisão por importação ilegal de vídeos pornôs e por exploração de prostituição.
3) Em 1990, Tony Adams, capitão do Arsenal e reserva da nacional da Inglaterra na Copa da Itália, meses antes pegou três meses por dirigir embriagado.
4) Dias atrás, Dennis Wise, do Chelsea e da nacional de Inglaterra, pegou três meses por destratar e agredir um taxista, além de quebrar um vidro de seu carro.
Lá, enfim, a Justiça não mede a fama dos criminosos do esporte. Fashanu, por exemplo, exercia o cargo honorífico de embaixador especial da Unicef. Já perdeu a posição. Enquanto isso, no Brasil, o escândalo da Loteca, denunciado nos anos 80...

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