São Paulo, domingo, 19 de março de 1995
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Borges acha que 'profissão' vai melhorar

EDGARD ALVES
ENVIADO ESPECIAL A MAR DEL PLATA

O nadador brasileiro Gustavo França Borges, 22, que despontou como astro da natação nos Jogos Pan-Americanos de Havana-91, ratificou sua condição agora nos Jogos de Mar del Plata.
Com cinco medalhas conquistadas —ouro nos 100 e 200, nado livre; prata nos revezamentos de nado livre 4x100 m e 4x200 m e no 4x100 m, medley—, ele foi o destaque do torneio de natação dos Jogos Pan-Americanos.
Paulista de Ribeirão Preto, Borges vive nos EUA, onde estuda e compete pela Universidade de Michigan.
A natação brasileira fez sucesso no Pan. Ganhou três medalhas de ouro, sete de prata e seis de bronze. Marcou 2 novos recordes pan-americanos, 12 sul-americanos e 13 brasileiros.
Gustavo já retornou aos EUA. Antes falou com à Folha.

Folha - É bom ser astro de um torneio como o Pan?
Gustavo Borges - É uma sensacão boa esse grande retorno que a natação está tendo. Minhas medalhas ajudaram a fazer a diferença.
Folha - Cite seu melhor momento em Mar del Plata?
Borges - As duas medalhas de ouro foram muito legais. Cheguei para lutar em todas as provas, mas nos 50 m não deu para beliscar. Sabia que era a mais difícil.
Folha - Quanto você recebe do patrocínio dos Correios? E do Banespa?
Borges - Prefiro não tocar nesse assunto. Meu pai é quem cuida da parte financeira.
Folha - A natação é caminho para se ganhar dinheiro?
Borges - Está melhorando com esses apoios entrando, patrocínios individuais. Acho que a profissão vai melhorar. Os duelos que ocorrem no Brasil e as competições na praia estão mostrando para as empresas que a natação é bom negócio. Falta a Cidade da Natação.
Folha - Você depende financeiramente da família?
Borges - Sempre tive apoio dos meus pais, que me bancaram quando fui para os Estados Unidos. Os clubes também apóiam. O Pinheiros tem estrutura boa, alojamento para os nadadores, ajuda de custo. O Minas faz a mesma coisa. Inicialmente, o nadador tem apoio dos pais e, depois, do clube.
Folha - Por que você foi para os EUA?
Borges - Tinha acabado o colegial em 90 e queria fazer universidade. No Brasil é difícil conciliar universidade, esporte e treino.
Folha - Quanto tempo mais ficará por lá?
Borges - Vou me formar em economia, mas vou parar para treinar até a Olimpíada. Depois completo o semestre que falta. Estudo uma área mais relacionada à administração de empresa.
Folha - Qual é sua meta?
Borges - Os 100 m na Olimpíada de Atlanta. Vou me concentrar. A natação, por enquanto, é meu trabalho. Se der tudo certo vou até o ano 2000 com força total. São mais duas Olimpíadas. Tudo vai depender do apoio.
Também quero provar que a natação não acaba aos 22 anos.
Folha - Como é sua vida de estudante-atleta?
Borges - Uma conciliação de estudo e treino. São 25 horas de treino por semana. O sistema universitário americano é bom nesse aspecto. Facilita a vida do atletas na programação de provas.
Folha - Você tem namorada?
Borges - Tenho. Ela já é formada e trabalha em uma empresa publicitária. Gosto de festa, mas vou pouco. Em época de treino é difícil sair. Às vezes vou a um barzinho.
Folha - Quando você voltará definitivamente para o Brasil?
Borges - Depois que me formar na universidade.

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