São Paulo, domingo, 19 de março de 1995 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Edmundo e as mulheres
CAIO TÚLIO COSTA
A boa nova vem de experiência laboratorial na Universidade da Filadélfia, na Pensilvânia, Estados Unidos. Foi lá que o professor Ruben Gur conseguiu, a partir da adesão de 61 voluntários (37 homens e 24 mulheres, todos com menos de 45 anos), descobrir algo de que já se desconfiava a partir de observações. O professor Gur colocou seus voluntários em um aparelho capaz de medir a atividade metabólica do cérebro. E pôde assim ver diferenças sensíveis na atividade cerebral que controla emoções como prazer, medo, alegria. Nos homens, essa atividade é maior numa região do cérebro que, por comparação, é mais desenvolvida nos répteis —lagartos, crocodilos... Já nas mulheres, a atividade relativa às emoções é maior numa parte do cérebro diferente da dos homens; é um lugar mais avançado na evolução humana, mais desenvolvido tanto na espécie humana como nos macacos —esses últimos mais inteligentes e mais avançados biologicamente do que os jacarés, um réptil dos mais conhecidos. Como bem comparou o jornal "The Independent", londrino, os homens experimentam suas emoções como répteis, enquanto as mulheres, mais evoluídas, as experimentam como os símios. A diferença, fundamental, é simples: nos momentos de cólera, o homem desce a mão no cinegrafista e na câmera do cinegrafista —o caso do palmeirense Edmundo no Equador. As mulheres preferem, primeiro, sentar e discutir. O professor Ruben Gur explicou essa diferença ao jornal inglês falando sobre a tal parte do cérebro onde as mulheres processam mais suas emoções. Essa parte "é particularmente desenvolvida entre os animais mais evoluídos, sabe-se que ela permite a geração de emoções de um jeito mais simbólico". A outra zona, a utilizada pelo cérebro do macho, está na origem das reações mais físicas, dos gestos bruscos, das reações intempestivas, "como um crocodilo em cólera se debatendo". Os jornalistas ingleses ficaram impressionados com esta descoberta da Pensilvânia e a usaram para tentar explicar as explosões de cólera do jogador francês Eric Cantona, uma espécie de Edmundo do Primeiro Mundo, suspenso por vários meses dos campos de futebol depois de reações edmundianas no futebol inglês, no qual joga. As explosões de cólera são realmente mais fequentes entre os machos. Qualquer homem já teve de enfrentar difíceis sessões de "conversa" depois de brigas sentimentais, por exemplo. O que era um fato sabido e comprovável empiricamente agora virou fato científico: os homens reagem como répteis e as mulheres são mais evoluídas. Será que tem cura em pouco tempo? Ilustração: Desenho (grafite sobre papel) de Carmela Gross, 1992. Texto Anterior: A chupeta da febre Próximo Texto: Boi na linha; Loraburra; Intolerância; Aracy de balangandã Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |