São Paulo, domingo, 19 de março de 1995 |
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Silvio de Abreu leva clima de "novela das sete" para as oito
SÉRGIO DÁVILA
Segunda obra do autor no cobiçado espaço pós-"Jornal Nacional" (na verdade, às 20h30), não cai na mesmice dos dramas chatíssimos, rurais ou urbanos, que dominam a faixa na emissora. Sua anterior, "Rainha da Sucata", lançada na comemoração dos 25 anos de existência da Globo, não emplacou. Pesada e lenta, teve como raro mérito apresentar dona Armênia (Aracy Balabanian) e suas "filhinhas". Em "A Próxima Vítima", não por acaso também comemorativa (agora, aos 30 anos), Abreu livrou-se do peso da camisa. E investiu no gênero que mais conhece, que lhe deu fama —as comédias "Guerra dos Sexos", "Cambalacho" e "Sassaricando", todas "das sete". Aqui, a chanchada está embalada em um bem-vindo suspense, que deve determinar até as tramas amorosas. A tensão pôde ser sentida já nos dois primeiros capítulos. Quem matou, por que se está matando e quem será a próxima vítima é o mote. Um bom mote, já que quase todos os personagens têm seus motivos. Mas o suspense serve à comédia, ao histrionismo. Como sempre, Abreu cercou-se do melhor da velha guarda global. Estão lá a própria Aracy e Tereza Rachel, brilhando como as "mulheres de útero seco". Também Nicette Bruno e Gianfrancesco Guarnieri, ambos "em casa"; o injustamente esquecido Flavio Migliaccio; e Francisco Cuoco, de cabelo precocemente marrom, interpretando Cuoco (ou seja, um adorável canastrão). E José Wilker e Suzana Vieira, que revivem com maestria o casal amoroso de "Anjo Mau", 19 anos depois. Wilker é cinismo puro, Suzana encarna bem a arquetípica mulher paulistana italianada. Por fim, Tony Ramos. O seu quitandeiro vai do humor escrachado às lágrimas com igual talento (o público só ganha quando o ator não insiste no bom-mocismo. Foi assim com o Riobaldo de "Grande Sertão: Veredas", foi assim com o abobalhado de "Comédia da Vida Privada"). Há defeitos. Um deles é o velho problema das cidades cenográficas, que a emissora ainda não logrou resolver. Parecem o que são: de papel. Outro é velho conhecido da casa, também: renitentes sotaques cariocas no coração da zona leste paulistana. No geral, porém, acerta-se. Ainda mais depois do inesperado fracasso de Gilberto Braga e sua "Pátria Minha". Texto Anterior: Tereza Rachel volta à TV para morrer Próximo Texto: Xícara de Gugu Liberato é com ch; "Globo: onde está Barbra Streisand?"; "Esporte merece horário mais digno"; Avallone comanda 'Mesa da Falsidade' Índice |
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