São Paulo, terça-feira, 21 de março de 1995
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Jerry Lewis debuta no teatro com musical

DANIELA ROCHA
DE NOVA YORK

Jerry Lewis está de volta, só que desta vez debutando no teatro, na nova montagem de "Damn Yankees". Sua estréia, na semana passada, foi surpresa para público e crítica. Jerry Lewis tem 69 anos (completados no último dia 16) e provou com este espetáculo ser um "showman".
A peça é a história de um fã incondicional de beisebol que vende sua alma ao diabo para se tornar o melhor jogador e ajudar seu time, o Washington Senators, a bater o favorito New York Yankees. Daí vem o título do espetáculo, "Damn Yankees" (Malditos Yankees).
Applegate, o diabo estrelado por Lewis, é quem encontra a vítima, o velho torcedor de beisebol, que bebe cerveja e assiste horas e horas de jogo pela TV. Ele o convence a rejuvenescer cerca de 30 anos para salvar o time, desde que ele abra mão de sua família.
Claro que seu plano diabólico não dá certo, o jovem jogador volta para casa e percebe o quanto ama sua mulher, a perfeita dona de casa americana.
Coreografias
A história "água-com-açúcar" é movimentada por coreografias de Rob Marshall (o mesmo do espetáculo "O Beijo da Mulher Aranha"), que privilegiam a agilidade e o humor —quando mostram, por exemplo, os desencontros do time com a bola, em pleno jogo.
A peça "Damn Yankees", baseada no romance "The Year the Yankees Lost the Pennant", de Douglas Wallop, estreou sua primeira montagem na Broadway em 1956. O sucesso foi tão grande que o espetáculo ganhou no mesmo ano oito Tonys (o Oscar do teatro), incluindo o de melhor espetáculo.
O desafio de reestrear uma peça que já fez muito sucesso com um ator que nunca pisou em um palco não era pequeno. Mas o diretor Jack O'Brien (que tem em seu currículo 18 montagens de Shakespeare, incluindo "Rei Lear" e "Hamlet") conseguiu.
O espetáculo é mais uma superprodução da Broadway. A vantagem em comparação com a primeira montagem é a alta tecnologia usada em todas as cenas. Os cenários se movem no palco, controlados por computador. A iluminação é perfeita e proporciona fantásticos efeitos especiais. Explosões "diabólicas" dão ainda mais ritmo, ao som das músicas compostas por Jerry Ross e Richard Adler.
Tecnologia
Minúsculos microfones (em geral instalados em meio aos cabelos, para não atrapalhar o movimento dos atores) fazem o musical ser um misto de cinema e teatro. Uma orquestra acompanha todo o espetáculo, no estilo dos bailes dos anos 50, época em que é caracterizada a história. Uma equipe de 20 atores, dançarinos e cantores é responsável pelo elenco que dá suporte ao espetáculo.
Faltava só saber como Jerry Lewis se sairia. No papel do diabo Applegate, sempre impecável em seu terno, Lewis pisa tranquilo no palco e, para grande surpresa, sem os cacoetes de expressão corporal que o tornaram famoso em seus filmes. Resta a ele ser engraçado usando apenas o texto da peça.
O resultado é um comediante sereno, em comparação às suas estripulias cinematográficas. De propósito, em apenas um momento do espetáculo, ele se contorce e faz caretas e ri de si mesmo, em um rápido "revival" de sua carreira, que leva o público ao delírio.
Lenda
Lewis é uma lenda viva americana e provou estar em plena forma, em um espetáculo que tem nada menos que três horas de duração e em que faz um longo número em que canta, dança e sapateia, acompanhado de Charlotte d'Amboise, no papel de Lola, a "quente" diabinha que é parceira de Applegate em suas tarefas diabólicas. Jerry Lewis surpreende em "Damn Yankees".

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