São Paulo, quarta-feira, 22 de março de 1995
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Reajuste poderá considerar inflação futura

GILBERTO DIMENSTEIN; VALDO CRUZ

Governo estuda possibilidade de incluir metade da projeção de alta do custo de vida na correção salarial
GILBERTO DIMENSTEIN
Diretor da Sucursal de Brasília
VALDO CRUZ
Secretário de Redação da Sucursal de Brasília
O ministro Paulo Paiva (Trabalho) disse à Folha que o reajuste dos salários por metade da inflação passada e metade da inflação futura é uma das propostas em estudo de nova política salarial.
Paiva disse que ainda não há nada decidido e que outras propostas estão em estudo. Ele aponta a prefixação dos reajustes com base na inflação futura como outra hipótese que pode ser discutida.
A atual política salarial, que prevê o repasse integral do IPC-r na data-base das categorias profissionais, acaba em junho.
Os estudos estão sendo comandados pelas equipes dos ministérios do Trabalho e da Fazenda. Segundo Paulo Paiva, o governo deve ouvir as centrais sindicais para definir a proposta que será enviada ao Congresso.
"Temos de criar uma política salarial que evite perdas futuras e auxilie no trabalho de desindexação da economia", afirmou Paiva.
A intenção da equipe econômica do presidente Fernando Henrique Cardoso é, seja qual for a política salarial, determinar um período de reajuste de no mínimo um ano. Ou seja, apenas na data-base de cada categoria.
O ministro do Trabalho quer incluir na proposta a discussão da participação dos trabalhadores nos lucros das empresas. Atualmente, existe uma medida provisória que define regras para esta participação.
A disposição inicial do governo era criar uma regra de reajuste apenas para o salário mínimo, estabelecendo a livre negociação para as demais faixas salariais. Esta negociação ocorreria através do contrato coletivo de trabalho.
A equipe econômica foi obrigada a rever seus planos depois que a crise cambial mudou o cenário de inflação para este ano. Projeções iniciais indicavam que a inflação de 95 ficaria em 24%. A previsão agora é que chegue aos 30%.
Com uma inflação em alta, o governo considera que não existe clima político para desindexar os salários —deixá-los sem uma regra oficial de reajuste automático.
"A ausência de política salarial é uma hipótese que está descartada", disse Paulo Paiva.
A fórmula de reajuste misturando inflação passada e futura já foi adotada no país, no final dos anos 60. A proposta foi criada pela assessoria do ministro do Planejamento na época, Roberto Campos.

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