São Paulo, quarta-feira, 22 de março de 1995
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Deputados faltosos assinam lista após sessões

GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os deputados estaduais que faltam ao trabalho na Assembléia Legislativa de São Paulo assinam a lista de presença até mesmo um ou dois dias depois da ausência.
A fraude, que já acontecia na antiga legislatura, foi constatada pela Folha nos dois primeiros dias de mandato dos 94 deputados recém-empossados. Ela foi admitida pelo presidente da Assembléia, Ricardo Tripoli (PSDB).
Na quinta-feira passada, o placar do plenário anunciava oficialmente a presença na Casa de 82 deputados ao final dos trabalhos. Doze, portanto, faltaram. Mas a lista de presença daquele dia apontava, na última segunda-feira, que apenas três parlamentares tinham se ausentado.
Na sexta, oficialmente deixaram de assinar a lista de presença 32 deputados pelo placar do plenário. Na segunda-feira, a mesma lista apontava, porém, a ausência de 22 deputados.
O funcionário João Pereira Evangelista, 44, que controla a lista no plenário, disse que "é impossível" uma diferença de 20 nomes. "Não acontece. Não tem margem de erro. O máximo que ocorre é a lista ficar defasada por alguns minutos, devido à agitação no plenário", disse ele.
Dessa forma, Evangelista descartou a possibilidade de erro, por ele praticado, de 10 ou 20 nomes (Evangelista soma o total de assinaturas no plenário e coloca o placar público). A lista ganha assinaturas após o término dos trabalhos do dia.
O regimento interno da Assembléia afirma, no parágrafo 1º do artigo 90, que o comparecimento "será registrado, em plenário, pelo próprio deputado, mediante assinatura em folha de presença".
O presidente da Casa, o tucano Ricardo Tripoli, e o 1º secretário, Luiz Carlos da Silva (PT), admitiram que a fraude existe. "Precisamos acabar com isso. Tem deputado que assina na terça-feira a folha de presença de sexta-feira e segunda-feira", disse Tripoli. Silva confirma a informação.
Ontem, após a primeira reunião com as lideranças partidárias, Tripoli anunciou que está sendo estudada a implantação da semana de três dias, como já acontece na Câmara dos Deputados.
"É preciso acabar com a demagogia. Os deputados precisam de tempo para elaborar projetos e contatar as bases", disse Tripoli.
Segundo ele, segunda e sexta —quando acontece a maior parte das faltas— seriam dias para os parlamentares fazerem seus contatos políticos, no interior ou com secretários do atual governo.

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