São Paulo, quarta-feira, 22 de março de 1995
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Selo Fantasy chega com sete CDs de medalhões do jazz e rock

CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Com um contrato de representação recém-assinado, a gravadora BMG Ariola passa a editar no Brasil o precioso catálogo do selo californiano Fantasy, especializado em jazz, soul, blues e rock.
O primeiro suplemento que chega às lojas é dominado por cinco medalhões do jazz. Destaca CDs de Ella Fitzgerald, Miles Davis, Chet Baker, Duke Ellington e Bill Evans. Completam o pacote dois álbuns da banda de rock Creedence Clearwater Revival.
Fundado em 1949, na cidade de San Francisco (oeste dos EUA), o selo Fantasy ganhou prestígio produzindo gravações de jazzistas como Dave Brubeck, Charles Mingus e Cal Tjader. Mas o sucesso nas vendas só veio mesmo com o Creedence, no final dos 60.
Hoje, o catálogo Fantasy é um verdadeiro conglomerado de selos. Reúne o Riverside, o Prestige, o Pablo e o Milestones, todos voltados para o jazz. Inclui também o Stax, especializado em soul, do qual sairão as reedições do próximo pacote prometido pela BMG.

Jobim por Ella
Quando gravou "Ella Abraça Jobim" (em 1980 e 1981), aos 62 anos, a cantora Ella Fitzgerald já não exibia a mesma exuberância vocal da série de songbooks que fez para a Verve, produzidos pelo mesmo Norman Granz, nas décadas de 50 e 60.
Ainda assim, a elegância de Ella, acompanhada por jazzistas do porte do saxofonista Zoot Sims e do guitarrista Joe Pass, garantiu um altíssimo nível musical a mais essa versão do songbook jobiniano. Sem falar na "brasilidade" trazida pelo violão de Oscar Castro-Neves e pela percussão de Paulinho da Costa.
As canções mais conhecidas de Jobim, como "Garota de Ipanema" e "Triste", estão entre as 17 faixas. Mas quem conhece o LP duplo original vai sentir falta de "Por Causa de Você" e "Samba do Avião", que não couberam nos 75 minutos do CD.
Já o trompetista Miles Davis (1926-1991) e seu seguidor mais famoso, Chet Baker (1929-1988), aparecem no apogeu de suas carreiras, respectivamente, nos álbuns "Relaxin' With Miles" e "It Could Happen to You".

Miles telepático
Interpretando seis standards, como "If I Were a Bell", em 1956, Miles estava à frente de seu mais telepático quinteto. Ou seja: John Coltrane (sax tenor), Red Garland (piano), Paul Chambers (baixo) e Philly Joe Jones (bateria). Pura covardia musical.
Doze baladas e standards também dominam o repertório de Chet Baker, em gravações de 1958. Além de soprar seu trompete "cool", ele canta com um grau de leveza e suavidade jamais ouvido em seus discos posteriores.
Apogeu também é palavra-chave para "Waltz for Debby", de Bill Evans (1929-1980). Gravado ao vivo, em 1961, no mítico Village Vanguard, este é considerado por muitos o melhor disco do pianista. Com um detalhe trágico: dez dias após a gravação, o baixista Scott LaFaro morreu em um acidente de carro.
Vista pelo próprio Duke Ellington (1899-1974) como a mais bem-realizada de suas peças extensas (com quase 15 minutos de duração), a suíte "Harlem" batiza o álbum gravado ao vivo em Estocolmo, em março de 1964. Uma noite em que, apesar do frio de final de inverno, a orquestra de Duke estava especialmente quente.

Rock incandescente
Calor foi o que jamais faltou ao rock do Creedence Clearwater Revival, principalmente pelos vocais incandescentes do guitarrista, cantor e compositor John Fogerty.
Ironicamente, em pouco mais de dois anos, essa banda californiana rendeu ao caixa da Fantasy uma fortuna que, durante 20 anos, excelentes jazzistas jamais sonharam chegar perto.

Títulos: Ella Abraça Jobim (de Ella Fitzgerald), Relaxin' With Miles (de Miles Davis), It Could Happen to You (de Chet Baker), Waltz for Debby (de Bill Evans), Harlem (de Duke Ellington), Creedence Clearwater Revival e Cosmos Factory (de Creedence Clearwater Revival)
Lançamentos: Fantasy/BMG Ariola
Formato: CD
Quanto: R$ 20 (em média, cada um)

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