São Paulo, domingo, 26 de março de 1995
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Covas prepara "explosão" das estatais

FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo do Estado de São Paulo desencadeou ação para "explodir" a maioria das empresas estatais que controla. O objetivo é criar pequenas unidades de negócios independentes e controladas pela iniciativa privada.
As duas maiores estatais, Sabesp (saneamento) e a Cesp (energia), já reestruturam seus negócios de acordo com o novo modelo. O termo "explosão" está sendo usado pelo próprio governador Mário Covas para caracterizar o projeto.
As demais empresas —incluindo o Banespa, Nossa Caixa, Fepasa e Comgás— devem fazer o mesmo. "Decidimos que o desmembramento e a privatização total passa a valer para todas as empresas", disse à Folha André Franco Montoro Filho, secretário de Planejamento do Estado.
Fundos de pensão, grandes construtoras e companhias internacionais são o alvo do programa. "O capital disponível é enorme e o enxugamento visa preparar as empresas para este dinheiro", diz.
O Estado dificilmente fará investimentos até o final do governo Covas —quando o ideal seria ter US$ 10 bilhões nos próximos quatro anos para infra-estrutura e US$ 5 bilhões para o setor energético.
"Por isso temos que correr com a reengenharia do Estado", afirma Montoro.
No "mundo real", São Paulo já demitiu 23 mil funcionários de estatais e cancelou ou reviu 2.600 contratos de terceirização. Dezenas de diretorias e gerências já foram eliminadas.
A exemplo da Sabesp e Cesp, o comando da maioria das estatais paulistas foi dado a executivos da iniciativa privada que já conduziram programas de reestruturação nas empresas que presidiam.
Todas as empresas estão inventariando imóveis (só a Cesp tem 4.000) para vender e pagar dívidas e eliminando gastos com aluguéis de automóveis ou imóveis.
"O processo ainda vai significar a demissão de milhares de funcionários, mas é absolutamente necessário", diz Montoro.
Em todos os casos, já se estuda como a passagem para a iniciativa privada pode acontecer sem a interferência do Poder Legislativo.
O conceito é ter empresários e capitais privados controlando as companhias, que seriam obrigadas a atender regras predeterminadas.
No caso do Banespa, o Estado pode vender os 33% de capital que ainda possui e parte dos 60% do capital votante. Montoro diz que o Estado pode ficar com apenas 40% do capital votante e aliar-se aos funcionários, que têm outros 13% —mantendo o controle.

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