São Paulo, domingo, 26 de março de 1995
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NA ÓPERA

Há tantos momentos inesquecíveis nos irmãos Marx e nos curtas de Laurel e Hardy, que a gente não sabe por onde começar. Harpo com sua harpa e Chico com seu piano produzem momentos musicais hilários, sejam ou não paródias. Groucho se encarrega dos trocadilhos literalmente intraduzíveis e de várias inversões que são invenções. Como aquela em que Groucho, de charuto na mão, vai entrar num elevador e, topando com uma loura feita de fumo louro, alfineta: "Se importa se eu não fumar?"
Mas o momento mais magnífico de todos os filmes dos irmãos ocorre em "Uma Noite na Ópera" (1935), em que reservam a Groucho o menor camarote —de fato, quase um "closet". Ali se refugiam seus irmãos e o tenor Allan Jones, todos penetras. Groucho trata de pedir seu almoço, que é o desjejum para os amigos, e, toda vez que se dirige ao camareiro, a buzina de Harpo toca e Chico diz: "E dois ovos cozidos" —complemento que Groucho complementa.
E então começam a chegar visitantes ao reduzido camarote: duas criadas (para delícia de Harpo), dois encanadores, uma garota à procura do tio, uma manicure, uma lavadeira e quatro camareiros no camarote, além dos três irmãos e do tenor. Aquilo é um abarrotamento brutal até que surge Margaret Dumont, a eterna e sofrida patrocinadora de Groucho. Ela abre a porta do camarote —e causa uma avalanche humana! É preciso receber e despachar Groucho com seu hino do mal de Marx no mar: "Não faça onda, eu já estou de saída".

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