São Paulo, segunda-feira, 27 de março de 1995 |
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Tímida, homenagem a Senna não emociona
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
Pilotos desfilam em caminhão com bandeiras do Brasil; cerimônia fica aquém das organizadas em outros países As homenagens prestadas a Ayrton Senna do dia de ontem, em Interlagos, não chegaram a emocionar o público. O evento foi tímido e mal organizado, não conseguindo atingir a totalidade do público que estava nas arquibancadas. Celebrações parecidas, feitas no ano passado em outros países que foram sede de GPs, foram mais bem planejadas e tocantes. No Japão, por exemplo, um McLaren/Honda com que o piloto conquistou os mundiais de 1988 e 90, foi colocado no lugar do pole antes da corrida. A irmã de Senna, Viviane, discursou em inglês, português e japonês e, logo depois, um helicóptero pintado como se fosse o capacete amarelo do piloto sobrevoou o circuito de Suzuka. Ontem, em Interlagos, os pilotos participaram da homenagem carregando, cada um, uma bandeira brasileira durante o tradicional desfile antes da prova. Ao subir no caminhão que os levaria para o passeio, Damon Hill e Johnny Herbert brincavam, esgrimindo um contra o outro, com as bandeiras enroladas. Ao passar pelo setor G, no final da reta oposta, o comboio foi recebido pela torcida com gritos de "uh, uh, vai morrer", canto utilizado em estádios de futebol para atormentar os juízes. A TAS (Torcida Ayrton Senna), que também estava no setor, se perdeu na hora de desenrolar a enorme bandeira estampada com o personagem Senninha, semelhante a que foi utilizada no ano passado. Quando a abriu, os pilotos já haviam deixado o trecho. Outra falta de sincronia aconteceu com uma tímida queima de fogos ao lado do lago de Interlagos. Estouraram no meio do passeio, sem que ninguém soubesse o que estava acontecendo. Quando o grupo chegou perto do setor A, ganhou mais um piloto. O técnico em eletrônica Paulo César Francelino invadiu a pista vestido como Senna. Perseguido por um batalhão de fotógrafos, Francelino subiu no caminhão e a torcida começou a fazer o coro "Senna, Senna". Logo depois, ao perceberem Rubens Barrichello de pé no caminhão, um outro "grito de guerra" surgiu e se misturou ao primeiro: "Rubinho, Rubinho". Outra homenagem foi feita pela Esquadrilha da Fumaça, que além de várias manobras, desenhou um "S" no ar, com nove aparelhos. Pouco antes, o tráfego aéreo do local estava intenso. Além de vários helicópteros, dois aviões levavam faixas publicitárias. Um paraglider sobrevoava a pista com a mensagem "adeus Ayrton". E nas arquibancadas, entre muitas faixas, uma dizia: "Senna, sabíamos que você viria. Por isso, viemos".(JHM) Texto Anterior: Interlagos 'esfria' sem Senna Próximo Texto: Fã desfila como ídolo Índice |
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