São Paulo, segunda-feira, 27 de março de 1995 |
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'Geração ioiô' celebra os 18 anos do divórcio
MARIANA SCALZO
A lei do divórcio foi aprovada em 1977 e está completando 18 anos. Os teens nascidos a partir dessa época são a geração "ioiô" —vivem de lá para cá e de cá para lá e acham natural ter tudo em dobro. Segundo a Fundação Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados), os divórcios passaram de 10.439 em 1984 para 28.987 em 1991. Na opinião dos psicólogos, a separação é sempre um período traumático. A diferença é que essa geração superou os traumas e sabe tirar proveito da situação. "Às vezes, o adolescente encara a vida dupla como uma ampliação da liberdade e sabe tirar proveito. E se ele é seguro, circula nas duas casas sem se sentir abandonado", explica Norka Bonetti Wajnsztejn, 41, psicóloga e psicoterapeuta. Karina Rocha Pierro, 15, encara suas "duas vidas" numa boa. "Se eu quero viajar, peço dinheiro para a minha mãe. Se ela não tem, tento o meu pai e vice-versa. De algum dos lados acaba dando certo", diz. "Quase sempre é divertido ter duas casas. Mas também tem seu lado ruim, que é não ter pai e mãe juntos", conta Karina. Seus pais se separaram quando ela tinha oito anos. Karina sempre morou com a mãe e é lá que considera sua casa."Mas tenho meu espaço na casa do meu pai. Dormia às quartas-feiras na casa do meu pai e alternava os finais de semana com eles", diz Karina. Hoje, ela fica um pouco menos na casa do pai. O encontro com os amigos é a casa da mãe. Claro que sempre existem problemas. Por exemplo, aparece uma festa de última hora e o modelão predileto ficou nas gavetas na casa do pai ou mãe. "Isso sempre acontece quando estou na casa do meu pai. Meu guarda-roupas fica na casa da minha mãe. Então peço para o meu pai me levar para buscar as coisas. Teve uma época que tentei fazer um armário em cada casa, mas não deu muito certo", explica Karina. A vida das irmãs Márcia, 16, e Lígia Barili, 18, é ainda mais complicada. Elas têm quatro casas: moram em São Paulo com a avó materna e passam os finais de semana na casa da avó paterna, mas nas férias e feriados as duas vão para São José dos Campos, onde ficam na casa do pai e da mãe. Elas passam a maior parte do tempo na casa da avó materna. É lá que ficam as roupas e os discos. Nos fins-de-semana, carregam uma mala com as roupas e o inseparável ursinho de Márcia. A sorte das duas é que a casa da avó paterna fica na mesma rua da casa em que moram. "Qualquer problema, é só descer a rua. Ou subir", diz Márcia. *Colaborou ANTONINA LEMOS, da Reportagem Local. Próximo Texto: Superar traumas depende dos pais Índice |
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