São Paulo, segunda-feira, 27 de março de 1995
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Hollywood volta à era da grande indústria

MARCELO REZENDE
DA REDAÇÃO

Mais do que o reconhecimento ao talento, as indicações ao Oscar deste ano parecem, antes, aludir o retorno de Hollywood a sua vocação: a de ser uma indústria de entretenimento com capacidade de criar uma mercadoria para cada filão do mercado.
Para isso abandona a supremacia de um determinado gênero (o filme de ação, o policial, o drama e romance) para dividir seus investimentos em tudo que comprovadamente já funcionou antes.
Se nos anos 70 havia uma atração por temas sociais, nos 80 a redescoberta da ficção científica —e da tecnologia e seus efeitos especiais— agora, no meio dos anos 90, a produção se volta para a manutenção de seu público e a conquista dos novos consumidores da Ásia e leste da Europa.
Hoje, para um filme conseguir ser realizado, tem de receber o aval de seus produtores de que nada será "americano demais". Da história que está sendo contada aos atores escolhidos.
Talvez não seja por acaso que o filme com maiores indicações na noite de premiações de hoje, "Forrest Gump", consiga o prodígio de usar a história dos EUA apenas como cenário, para contar uma história de amor em forma de comédia. E, ainda, usando a última geração de efeitos especiais.
Um filme que, até o final da semana passada, havia conseguido uma bilheteria em Hong Kong de mais de US$ 3 milhões em doze semanas de exibição. Isso em um mercado que sempre privilegiou a produção local.
O que espanta nesse exemplo é menos o dinheiro que conseguiu arrecadar e mais a resistência em permanecer em exibição. Nos EUA o filme já chegou a US$ 310 milhões. Em outros mercados, incluindo Europa e América Latina, a soma parcial é US$ 222 milhões.
Se isso denota uma vitalidade, não necessariamente inédita, revela que, menos do que nomes e griffes, um filme não pode abrir mão é de um bom marketing.

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