São Paulo, terça-feira, 28 de março de 1995
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Professor pára e avalia nova proposta

DA REPORTAGEM LOCAL

Professor pára e avalia nova proposta
Entidades do ensino de SP e governo negociam enquanto 6,5 mi alunos não sabem se terão aulas
As entidades que lideram a greve na rede de ensino de São Paulo e o governo discutiam, ontem à noite, a possibilidade de uma nova proposta de reajuste salarial para pôr fim à paralisação.
No primeiro dia de greve, ontem, ninguém tinha uma avaliação científica da adesão ao movimento. A Apeoesp (o sindicato dos professores) "estimou" uma adesão de 50% dos 260 mil docentes da rede —suficiente para deixar sem aulas mais de 3 milhões dos 6,5 milhões de alunos da rede.
O governo diz que terá dados mais precisos hoje. A paralisação foi convocada por todas as entidades do ensino estadual —que incluem professores, diretores, supervisores e servidores.
A reunião de ontem à noite começou às 19h no mesmo impasse do final do encontro com o governador Mário Covas realizado na quinta-feira. O governo propõe gastar R$ 17 milhões a mais por mês na folha de pagamentos até maio, e R$ 23 milhões a mais de junho a agosto.
Esse dinheiro a mais daria para elevar o piso salarial (20 horas de trabalho por semana) de R$ 141 para R$ 180. Mas essa elevação seria só nos níveis inferiores da carreira.
Assim, as nove carreiras iniciais dos professores —que em geral têm 5% de diferença de uma para outra— ficariam "achatadas". Ou seja, quem começa a trabalhar hoje e quem já trabalha há mais de dez anos ganharia o mesmo.
"O governo está oferecendo muito pouco dinheiro a mais do que gastaria", diz o presidente da Apeoesp, Roberto Felício, 43. "Se fosse dar aumento para todo mundo (e não apenas no piso), essa quantia a mais representaria 10% de reajuste nos salários", acrescenta.
O governo diz que não é possível oferecer mais no momento e propõe rediscutir toda a carreira (leia entrevista com a secretária de Educação abaixo).
Os grevistas só terão uma próxima assembléia geral —onde poderão suspender a greve —na sexta-feira, às 15h, no Palácio dos Bandeirantes (sede do governo).
Até sexta, querem negociar diretamente com o governador.
Ontem, grande parte das escolas da capital realizou assembléias internas para decidir se entrariam em greve ou não. Na maioria, as aulas foram suspensas após o recreio.
"O resultado da assembléia só saiu no fim da tarde de sexta e os professores preferiram dar aulas hoje para poderem comunicar pessoalmente aos alunos que entrariam em greve", diz Sônia Ferreira, vice-diretora da EEPSG Marina Cintra, na Consolação (região central de SP).
Enquanto os professores se reuniam para decidir quando entrariam em greve, os alunos esperavam no pátio.

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