São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 1995 |
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Daqui a dois anos
NELSON DE SÁ
Reinhold Stephanes surgiu ontem na Manchete, dizendo que "não é o caso de retirar o projeto, mas de colocá-lo em debate, aperfeiçoá-lo, ajustá-lo à realidade". Falava da sua própria emenda. Falava com o rosto cansado de quem faz um último e difícil esforço, mas não acredita em vitória. Estava certo, no desânimo. O presidente do Congresso já teria telefonado ao presidente Fernando Henrique para pedir a retirada da emenda, por ameaça ao resto das reformas. "Com a emenda da Previdência, ficou em segundo plano a emenda da Ordem Econômica", afirmou José Sarney no seu telefonema, segundo a Jovem Pan. Mais tarde, na Bandeirantes, Sarney informou que a emenda de Reinhold Stephanes foi adiada para daqui a dois anos —em declaração quase cômica. O SBT acrescentou que tanto o PMDB como o PFL, o próprio partido do ministro, decidiram pelo adiamento. "A Ordem Econômica é a prioridade", afirmou, definitivo, o pefelista Inocêncio de Oliveira. Não, ninguém lembrou que o salário mínimo de cem reais, anunciado com estardalhaço, dependia desta mesma reforma da Previdência Social. Novas alianças É uma aliança —outra— das mais extravagantes. Desta vez juntaram-se o PC do B e o MR-8 com a Rede Globo. "Milhares de estudantes saíram às ruas de Brasília em protesto contra as propostas de mudança na Constituição", afirmou a Bandeirantes. "Os caras-pintadas voltaram às ruas do Rio contra o governo e as suas reformas neoliberais", acrescentou a CBN. As manifestações de ontem foram chamadas por entidades dominadas pelo PC do B e pelo MR-8. Quanto à Globo, entrou sem querer, outra vez. A série "Anos Rebeldes", em reapresentação, entrou na última semana. Uma chamada de ontem, com o entusiasmo de sempre, dos locutores da casa: "João e Heloísa, participando do sequestro do embaixador suíço. Série brasileira." Isso mesmo "sequestro". Texto Anterior: Parlamentares levam todo tipo de pedido ao Planalto Próximo Texto: Lula inicia 'romaria' a 10 governadores Índice |
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